"Os homens sempre se inquietaram com os mistérios da mulher. Mas o que os assustava mais do que tudo eram os segredos do órgão sexual feimnino. Pressentiam um perigo ameaçador, porque a vagina não é visível e suas propriedades são estranhas. Imaginavam que ela teria uma força devastadora e insaciável, que seria uma caverna escura, onde o pênis, após peentrá-la, corria riscos sérios.
Foi por isso que durante séculos os homens alimentaram a idéia de que as mulheres eram incapazes de se sentir satisfeitas no sexo. E para se proteger, eles as trancavam em casa ou, como se faz ainda hoje em algumas culturas, extirpavam seu clitóris, costuravam sua vagina e as obrigavam a sair à rua coberta por véus. Buscavam, assim, livrá-las da tentação. Hoje, as coisas mudaram, pelo menos no ocidente. Aceita-se cada vez mais que o sexo é para o prazer, e não somente para prociração. E para isso é necessário um processo de aprendizagem.
Orgasmos múltiplos da mulher, orgasmo vaginal, ponto G, ejaculação feminina, orgasmo combinado (ponto G e clitóris ao mesmo tempo), orgasmo múltiplo do homem, orgasmo masculino sem ejaculação, orgasmo na próstata. Quanta coisa para se aprender! Mas existe algo que a vagina é capaz e pouca gente sabe. Ela pode pompoar!
No dicionário há a definição do pompoarismo: contração voluntária dos músculos circunvaginais, a fim de induzir sensações eróticas no pênis durante o ato sexual. Tal prática prolonga e intensifica o prazer sexual. Pelos relatos de quem viveu essa experiência, uma pompoarista tem vários orgasmos intentos e leva seu parceiro, através da massagem que sua vagina faz no pênis, a obter sensações de prazer indescritíveis.
Pompoar é uma prática comum na Tailândia. Mas existem filmes e documentários mostrando pompoaristas em atividade em várias partes do mundo. No documentário chinês "Os últimos tabus", uma mulher aparece fumando pela vagina, no filme japonês "O império dos sentidos", a mulher introduz um ovo cozido, que depois é expelido e comido, e no filme "Priscila - a rainha do deserto", bolas de pingue pongue são disparadas pela vagina. Para os sexólogos, não é novidade a importância do fotalecimento dos músculos vaginais e suas contrações para o orgasmo feminino e para intensificar o prazer do homem. A questão são os tabus e preconceitos que ainda existem a respeito do sexo, dificultando a discussão com naturalidade.
De qualquer modo, ao tomar conhecimento do que faz uma pompoarista, fica mais fácil entender por que os homens se sentiam tão intimidados diante da sexualidade feminina. Quem sabe, agora, quando diminuiu a guerra entre os sexos, e homens e mulheres caminham para uma sociedade de maior parceria, novos prazeres também possam ser compartilhados?"
Regina Navarro Lins, sexóloga
Quem já sentiu as técnicas pompoaristas de uma mulher, jamais esquecerá!
Porque é dela onde brotam fungos, transforma-se húmus, sucumbem túmulos, surgem larvas que se multiplicam e irradiam cheiro, cor e o ciclo da vida faz-se em flor.
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
domingo, 28 de dezembro de 2008
Devotos de Moria IV (hai kai)
Olha só que coisa louca:
Resolvi falar com a minha mão,
E levei um puxão de orelha!
Resolvi falar com a minha mão,
E levei um puxão de orelha!
Ah, vozinha
Minha avó sempre foi uma pessoa com problemas. Adorava todos eles, não podia viver sem. O filho mais novo era a fonte da penca de preocupações, e sempre que a imagem de vovó me vem a mente, lembro de seus dedos enrugados coçando a cabeça branca, voltada para o chão, e a boca ruminando resmungos. Ela não queria saber de nada, só das preocupações com o filho. Se alguém desse "Bom dia", ela diria: "Como bom dia? Nessa chuva e fulano teve de ir trabalhar!" Se tivesse sol, o discurso seria: "Bom dia? Um sol danado, fulano saiu cedo e volta só de noite, você ainda diz bom dia?".
Há pessoas que precisam tanto de problemas para viver e por isso nunca são felizes. Rejeitam abraços, beijos, não retribuem sorrisos, não percebem gestos simples porque pensam em problemas. Minha avó sempre teve seus pensamentos norteados por preocupações, e por isso não gostava de ninguém que não fossem os filhos, sobretudo o caçula. Nunca teve muitos amigos. Dizem que era mal vista na rua onde morava, em Vigário Geral, e as crianças a chamavam de bruxa, por causa de sua aparência. Isto ocorria há quase meio século quando os filhos eram moleques de jogar pelada na calçada. A bola caía no quintal, e ela vinha com sua faca acabar com a alegria da criançada. Pelas fotos e desde de que me entendo por gente, ela não mudou nada. Seu envelhecimento começou cedo.
Estas precupações a consumiram durante toda sua vida. Não dava valor a nada, a higiene, aos netos, apenas às preocupações com o filho. O apego às preocupações era tanta, que muitas vezes superava até a própria aproximação com ele, tanto que quando chegava para falar com a mãe, ela simplesmente não dizia nada, como se o mundo já fosse o suficiente, para depois então desmoronar no outro dia, na ida ao trabalho, no trânsito engarrafado, na chuva forte, no telefonema esquecido, no atraso na volta para a casa, tudo preocupações que a faziam passar o tempo. O corpo inerte, e a mente num turbilhão.
Hoje ela está com Alzheimer, e este turbilhão de preocupações se dissipou em brisas. Ela não possui mais vigor mental para sustentar tantas preocupações. Agora, ela facilmente se dispersa, se deixa levar, e por isso percebe situações antes rejeitadas. Um abraço, um beijo, um carinho, agora podem ser sentidos. Ela voltou a um estágio infantil, em que sente uma pureza indescritível das coisas. Esta receptividade reflete em seu exterior, deixando a pele mais corada, os cabelos mais alvos.
Fiquei me perguntando se todos merecem ter momentos felizes ao longo do ciclo da vida, mesmo aqueles que sempre rejeitaram a felicidade. Sabe-se lá o que nos espera depois. Ao menos possamos sair desta para uma outra, mas com lembranças boas, impossíveis de serem esquecidas, ou momentos que representem felicidades, mesmo que em lapsos.
É, isto foi um lapso de reflexão.
Há pessoas que precisam tanto de problemas para viver e por isso nunca são felizes. Rejeitam abraços, beijos, não retribuem sorrisos, não percebem gestos simples porque pensam em problemas. Minha avó sempre teve seus pensamentos norteados por preocupações, e por isso não gostava de ninguém que não fossem os filhos, sobretudo o caçula. Nunca teve muitos amigos. Dizem que era mal vista na rua onde morava, em Vigário Geral, e as crianças a chamavam de bruxa, por causa de sua aparência. Isto ocorria há quase meio século quando os filhos eram moleques de jogar pelada na calçada. A bola caía no quintal, e ela vinha com sua faca acabar com a alegria da criançada. Pelas fotos e desde de que me entendo por gente, ela não mudou nada. Seu envelhecimento começou cedo.
Estas precupações a consumiram durante toda sua vida. Não dava valor a nada, a higiene, aos netos, apenas às preocupações com o filho. O apego às preocupações era tanta, que muitas vezes superava até a própria aproximação com ele, tanto que quando chegava para falar com a mãe, ela simplesmente não dizia nada, como se o mundo já fosse o suficiente, para depois então desmoronar no outro dia, na ida ao trabalho, no trânsito engarrafado, na chuva forte, no telefonema esquecido, no atraso na volta para a casa, tudo preocupações que a faziam passar o tempo. O corpo inerte, e a mente num turbilhão.
Hoje ela está com Alzheimer, e este turbilhão de preocupações se dissipou em brisas. Ela não possui mais vigor mental para sustentar tantas preocupações. Agora, ela facilmente se dispersa, se deixa levar, e por isso percebe situações antes rejeitadas. Um abraço, um beijo, um carinho, agora podem ser sentidos. Ela voltou a um estágio infantil, em que sente uma pureza indescritível das coisas. Esta receptividade reflete em seu exterior, deixando a pele mais corada, os cabelos mais alvos.
Fiquei me perguntando se todos merecem ter momentos felizes ao longo do ciclo da vida, mesmo aqueles que sempre rejeitaram a felicidade. Sabe-se lá o que nos espera depois. Ao menos possamos sair desta para uma outra, mas com lembranças boas, impossíveis de serem esquecidas, ou momentos que representem felicidades, mesmo que em lapsos.
É, isto foi um lapso de reflexão.
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Tipo
O personagem deveria ser um estereótipo,
um estereotipinho desses qualquer:
- exbbb, exatrizpornô,
estelionatário.
Este ou aquele
Extremamente ordinário.
Extraditado,
Extraterrestre,
Este tipo esticado.
Este irado estaria,
Extrapolado!
Extravasado!
Externalizado!
Estrategicamente espionado para entrar
num insight, intranse,
Indolor, endovenoso,
InsPIRADO em idiossincrasias internas.
Indefinível.
Intransitivo indireto!
Ainda pendente...
"Independence!"
Em dependência.
A independência
Ainda pendente.
Em pane, idiotas
assistem
Em sistos.
Em sistóles
Insisto.
E assim,
E então?
Estereotipatizaria?
-Simmmmmnmmmmmmnmmm!
Simpatia:
Salpique cinco cebolas boas
No assoalho, saboreando o alho,
Sugue o sumo do sugo e salgue sua boca.
Segure sessenta segundos,
Soltando sim para as tias
Solteironas
E sai pra lá mal olhado!
E inxorcizou:
-Diga, sim pá tia, cidinha:
-Sim, pá tia, Cidinha!
- Diga sim pá God!
Sim, pagode
-Não! Pagode não!
E exorcizou:
-Lá no céu não
Toca pagode não.
Tocam almas depenadas
As portas de entrada do nada.
Toca toda crendice, cretinice,
-Quem disse?
Tocam credos,
Santos, Anjos,
Criaturas saídas de tanta
Criatividade humana.
Disseram-me que eu sei de tudo,
Mas eu não sei de nada.
Então tá.
Então tá,
E então?
Assim tá.
Sinta
Assim.
SIM!
um estereotipinho desses qualquer:
- exbbb, exatrizpornô,
estelionatário.
Este ou aquele
Extremamente ordinário.
Extraditado,
Extraterrestre,
Este tipo esticado.
Este irado estaria,
Extrapolado!
Extravasado!
Externalizado!
Estrategicamente espionado para entrar
num insight, intranse,
Indolor, endovenoso,
InsPIRADO em idiossincrasias internas.
Indefinível.
Intransitivo indireto!
Ainda pendente...
"Independence!"
Em dependência.
A independência
Ainda pendente.
Em pane, idiotas
assistem
Em sistos.
Em sistóles
Insisto.
E assim,
E então?
Estereotipatizaria?
-Simmmmmnmmmmmmnmmm!
Simpatia:
Salpique cinco cebolas boas
No assoalho, saboreando o alho,
Sugue o sumo do sugo e salgue sua boca.
Segure sessenta segundos,
Soltando sim para as tias
Solteironas
E sai pra lá mal olhado!
E inxorcizou:
-Diga, sim pá tia, cidinha:
-Sim, pá tia, Cidinha!
- Diga sim pá God!
Sim, pagode
-Não! Pagode não!
E exorcizou:
-Lá no céu não
Toca pagode não.
Tocam almas depenadas
As portas de entrada do nada.
Toca toda crendice, cretinice,
-Quem disse?
Tocam credos,
Santos, Anjos,
Criaturas saídas de tanta
Criatividade humana.
Disseram-me que eu sei de tudo,
Mas eu não sei de nada.
Então tá.
Então tá,
E então?
Assim tá.
Sinta
Assim.
SIM!
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Onde se esconde o preconceito?
"O racismo sempre existirá enquanto os homens continuarem a ser caricaturas de homens, bois movidos a dinheiro, pouco ou nada conhecendo de si mesmos e do mundo. Enquanto alguém classificar as pessoas em raças, o racismo continuará triunfando, pois só existe uma raça, a humana."
"O Brasil? Claro que é racista. Verdade que em menos escala, por causa da miscigenação com os portugueses e por incluir os pobres em geral. Ao contrário do que acontecia nos EUA, as brancas não eram linchadas por terem filhos com pretos, o que entre nós sempre foi lugar comum, digo a relação sexual entre brancos e negros. Em verdade, talvez, o Brasil tenha a maior população mulata do mundo.
"Por outro lado, às vezes ocorre um fenômeno estranho à primeira vista: os negros que são aceitos pela sociedade branca. Esses, porém, têm de apresentar talentos fora do comum. Precisam ser grandes, ricos e poderosos. Atletas, cantores, atores, apresentadores de TV, cientistas, empresários bem-sucedidos."
(Fausto Wolff)
Categorizar, classificar, rotular tudo que está diante dos olhos sempre foi passatempo preferido da estúpida racionalização exacerbada do homem. Essa prática levou a distinção em raças, preto, branco, amarelo, vermelho, e a história mal escrita ajudou a estigmatizar raças superiores vencedoras e inferiores e perdedoras. Tudo linhas mal traçadas pela perversidade da mente humana.
O racismo está na essência da malfadada distinção e tornou-se um lixo cultural que, aos poucos, começa a ser despejado pelo ralo. Minha avó, branca, que não sabe nem escrever o próprio nome, é racista, de chamar pretos de macacos. Mudar a consciência dela, hoje, é impossível. As novas gerações, em grande parte, e eu me incluo, não vê as diferenças de cor ou cabelo. A raça é humana, e colocar isso na cabeça é um grande avanço.
O racismo existe e está nítido nos desiguais índices sociais, que a passos muito lentos vão se tornando mais justos. Na minha turma na UFF, havia três negros e diversos mulatos. Numa turma da PUC, certamente o número é bem menor. Já conheci editor de jornal que disse ser proibido fotografias de negros na 1ª página, exceto criminosos ou celebridades. Todos os dias, quando ando pelas ruas, vejo gente mudando de calçada porque, na direção contrária, vem vindo algum negro. A novela das nove, da Rede Globo, mostra um político negro, corrupto, interpretado por Milton Gonçalves. De todo elenco, apenas ele e mais três atores são negros.
Conheci um camarada de Angola, negão mesmo, fazia pós-graduação em Letras na UFF. Para ele, o conceito de raça é algo concretizado: ele é preto, de cabelo preto e duro; eu sou branco, de cabelo amarelo e liso. Nossa conversa não evoluia a partir deste ponto, talvez porque para ele, ser negro, africano, discriminado e de um país excluído da globalização seja algo tão marcante em sua cultura. Na minha cultura, brasileira, miscigenada, carioca, não há porque se sentir diferente, como ele se sentiu, numa roda de samba onda dançam brancos, negros, gordos ou magros.
Porém o racismo ainda persiste. Os negros se desdobram mais do que brancos. Precisam estar bem vestidos para subirem pelo elevador social ou até mesmo não serem confundidos com marginais. Estes absurdos ainda acontecem.
Mas o Brasil aos poucos se conscientiza de sua miscigenação. O caso do jogador Grafite foi um exemplo de que a sociedade se demonstra intolerante ao racismo. Diante da Constituição, discriminação racial é crime.
Vejo uma saída para que se extirpe de vez o câncer chamado racismo: deve-se valorizar e incorprar, cada vez mais, o legado dos descendentes de escravos deste país, toda contribuição à cultura brasileira, todas as raízes, não através de cotas ou contrapartidas históricas, mas com a finalidade de fortalecer nossa identidade. E não apenas dos negros, mas de todos aqueles que contribuiram para nossa formação, índios, europeus, japoneses, etc.
A mídia e nós, como comunicadores, temos o dever de resgatar estes legados. Quando um canal de televisão não privilegia nossa cultura, pois só pensa nos negócios e em comprar enlatados, cheios de preconceitos, belezas padronizadas, etc, ele presta um grande desserviço à sociedade.
"O Brasil? Claro que é racista. Verdade que em menos escala, por causa da miscigenação com os portugueses e por incluir os pobres em geral. Ao contrário do que acontecia nos EUA, as brancas não eram linchadas por terem filhos com pretos, o que entre nós sempre foi lugar comum, digo a relação sexual entre brancos e negros. Em verdade, talvez, o Brasil tenha a maior população mulata do mundo.
"Por outro lado, às vezes ocorre um fenômeno estranho à primeira vista: os negros que são aceitos pela sociedade branca. Esses, porém, têm de apresentar talentos fora do comum. Precisam ser grandes, ricos e poderosos. Atletas, cantores, atores, apresentadores de TV, cientistas, empresários bem-sucedidos."
(Fausto Wolff)
Categorizar, classificar, rotular tudo que está diante dos olhos sempre foi passatempo preferido da estúpida racionalização exacerbada do homem. Essa prática levou a distinção em raças, preto, branco, amarelo, vermelho, e a história mal escrita ajudou a estigmatizar raças superiores vencedoras e inferiores e perdedoras. Tudo linhas mal traçadas pela perversidade da mente humana.
O racismo está na essência da malfadada distinção e tornou-se um lixo cultural que, aos poucos, começa a ser despejado pelo ralo. Minha avó, branca, que não sabe nem escrever o próprio nome, é racista, de chamar pretos de macacos. Mudar a consciência dela, hoje, é impossível. As novas gerações, em grande parte, e eu me incluo, não vê as diferenças de cor ou cabelo. A raça é humana, e colocar isso na cabeça é um grande avanço.
O racismo existe e está nítido nos desiguais índices sociais, que a passos muito lentos vão se tornando mais justos. Na minha turma na UFF, havia três negros e diversos mulatos. Numa turma da PUC, certamente o número é bem menor. Já conheci editor de jornal que disse ser proibido fotografias de negros na 1ª página, exceto criminosos ou celebridades. Todos os dias, quando ando pelas ruas, vejo gente mudando de calçada porque, na direção contrária, vem vindo algum negro. A novela das nove, da Rede Globo, mostra um político negro, corrupto, interpretado por Milton Gonçalves. De todo elenco, apenas ele e mais três atores são negros.
Conheci um camarada de Angola, negão mesmo, fazia pós-graduação em Letras na UFF. Para ele, o conceito de raça é algo concretizado: ele é preto, de cabelo preto e duro; eu sou branco, de cabelo amarelo e liso. Nossa conversa não evoluia a partir deste ponto, talvez porque para ele, ser negro, africano, discriminado e de um país excluído da globalização seja algo tão marcante em sua cultura. Na minha cultura, brasileira, miscigenada, carioca, não há porque se sentir diferente, como ele se sentiu, numa roda de samba onda dançam brancos, negros, gordos ou magros.
Porém o racismo ainda persiste. Os negros se desdobram mais do que brancos. Precisam estar bem vestidos para subirem pelo elevador social ou até mesmo não serem confundidos com marginais. Estes absurdos ainda acontecem.
Mas o Brasil aos poucos se conscientiza de sua miscigenação. O caso do jogador Grafite foi um exemplo de que a sociedade se demonstra intolerante ao racismo. Diante da Constituição, discriminação racial é crime.
Vejo uma saída para que se extirpe de vez o câncer chamado racismo: deve-se valorizar e incorprar, cada vez mais, o legado dos descendentes de escravos deste país, toda contribuição à cultura brasileira, todas as raízes, não através de cotas ou contrapartidas históricas, mas com a finalidade de fortalecer nossa identidade. E não apenas dos negros, mas de todos aqueles que contribuiram para nossa formação, índios, europeus, japoneses, etc.
A mídia e nós, como comunicadores, temos o dever de resgatar estes legados. Quando um canal de televisão não privilegia nossa cultura, pois só pensa nos negócios e em comprar enlatados, cheios de preconceitos, belezas padronizadas, etc, ele presta um grande desserviço à sociedade.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Capitalismo
O capitalismo atual assim: quando tá no lucro, as empresas ganhando de vento em popa, que se dane o resto. Quando tá no prejuízo, corre pro colo do Banco Central pra pedir empréstimo.
O capitalismo tropeça nos próprios pés. Mas como disse Noam Chompski, numa entrevista recente à Folha de S.P., não se pode prever um futuro no qual o grande sistemão irá cair.
O que está acontecendo é um fortalecimento do Capitalismo de Estado. O Estado empresta dinheiro, compra títulos de dívidas, mas quer algo em troca. Nós, da população, temos que torcer para que este "algo" se reverta em investimentos públicos.
O idéario do "estado mínimo" anda em baixa. Agora acho que as pessoas se perguntam: mínimo quanto? O mínimo é dar educação, saúde, habitação, transporte, trabalho? Ou deixar tudo isso nas mãos de quem coloca acima de tudo o faturamento do próprio bolso?
Se for assim, nossa educação vai ser descontrolada, formando gente que só serve pra atender aos interesses de empresas. Assim acontece, com as grandes corporações tomando conta do nosso ensino. Se fosse pela Globo, pela Folha, etc, todos só se tornariam jornalistas para trabalhar ou na Globo, ou na Folha, etc... E não seriam jornalista em prol do social.
Ou então, na saúde, todos dependeriam de planos de saúde privado, tendo que pagar os olhos da cara e ainda torcer para não surgir uma doença. Infelizmente é assim, eu tenho plano de saúde. E será que a maioria tem condição de pagar por um? Mas é assim que acontece.. os grande laboratórios fazem de remédios curadores produtos que aumentam seus lucros. Quanto um idoso paga de sua pífia aposentadoria para manter-se vivo? Isso é "Capitalismo justo"?
Habitação... deixaram fora do controle do Estado e deu no que deu com a crise financeira... essa crise tem origem nas hipotecas descontroladas lá nos EUA. Quanta gente no MUNDO não tem onde morar, porque esse sistema "justo" capitalista especulou TANTO os terrenos que ficou impossível para muitas pessoas dormirem sob um teto.
Quanto ao transporte, basta ver o quanto um trabalhador brasileiro gasta do seu salário mensal para tomar um ônibus, um metro para chegar no trabalho.
E o trabalho? Ah, se não houvesse exploração, não haveria o lucro. O capitalismo não é justo, porque você SEMPRE trabalha mais do que vale seu salário. Essa é a razão da existência do Capitalismo, e ainda não negaram essa teoria de Marx.
Eu não sou socialista, mas dizer que o capitalismo é justo é não enxergar os milhões de miseráveis, de famintos que existem neste planeta, que dependem de assistencialismo que só serve para tirar o peso da consciência de quem pode
O capitalismo tropeça nos próprios pés. Mas como disse Noam Chompski, numa entrevista recente à Folha de S.P., não se pode prever um futuro no qual o grande sistemão irá cair.
O que está acontecendo é um fortalecimento do Capitalismo de Estado. O Estado empresta dinheiro, compra títulos de dívidas, mas quer algo em troca. Nós, da população, temos que torcer para que este "algo" se reverta em investimentos públicos.
O idéario do "estado mínimo" anda em baixa. Agora acho que as pessoas se perguntam: mínimo quanto? O mínimo é dar educação, saúde, habitação, transporte, trabalho? Ou deixar tudo isso nas mãos de quem coloca acima de tudo o faturamento do próprio bolso?
Se for assim, nossa educação vai ser descontrolada, formando gente que só serve pra atender aos interesses de empresas. Assim acontece, com as grandes corporações tomando conta do nosso ensino. Se fosse pela Globo, pela Folha, etc, todos só se tornariam jornalistas para trabalhar ou na Globo, ou na Folha, etc... E não seriam jornalista em prol do social.
Ou então, na saúde, todos dependeriam de planos de saúde privado, tendo que pagar os olhos da cara e ainda torcer para não surgir uma doença. Infelizmente é assim, eu tenho plano de saúde. E será que a maioria tem condição de pagar por um? Mas é assim que acontece.. os grande laboratórios fazem de remédios curadores produtos que aumentam seus lucros. Quanto um idoso paga de sua pífia aposentadoria para manter-se vivo? Isso é "Capitalismo justo"?
Habitação... deixaram fora do controle do Estado e deu no que deu com a crise financeira... essa crise tem origem nas hipotecas descontroladas lá nos EUA. Quanta gente no MUNDO não tem onde morar, porque esse sistema "justo" capitalista especulou TANTO os terrenos que ficou impossível para muitas pessoas dormirem sob um teto.
Quanto ao transporte, basta ver o quanto um trabalhador brasileiro gasta do seu salário mensal para tomar um ônibus, um metro para chegar no trabalho.
E o trabalho? Ah, se não houvesse exploração, não haveria o lucro. O capitalismo não é justo, porque você SEMPRE trabalha mais do que vale seu salário. Essa é a razão da existência do Capitalismo, e ainda não negaram essa teoria de Marx.
Eu não sou socialista, mas dizer que o capitalismo é justo é não enxergar os milhões de miseráveis, de famintos que existem neste planeta, que dependem de assistencialismo que só serve para tirar o peso da consciência de quem pode
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Perfil II
Do antigo blog "Falcatruas":
O primeiro homenageado é o gordo mais charmoso da televisão. Seus fãs são obrigados a dormir lá para as 2:30 da madrugada, chegar ao trabalho atrasado e tomar esporro do patrão, só porque não deixou de ir pra cama sem o gordo. Sim, Jô Soares tem uma legião de admiradores em todo Brasil, que deixam de dormir cedo para assisti-lo.
Símbolo de inteligência, aspecto intelectual, Jô Soares estimula a admiração de seus espectadores. Sua capacidade de persuasão, seu humor refinado são inquestionáveis. A alta profundidade dos assuntos abordados em suas entrevistas também impressionam. Jô Soares possui o cérebro que todos gostariam de ter.
Seu programa começa com aquele fundo musical de altíssimo gosto. Blues, jazz, estilos musicais que a maioria da população só ouve de longe, quando passam por restaurantes de granfinos.
Todo falcatrua que se preze possui seu capacho. No caso de Jô Soares, são seis os capachos. O sexteto forma uma espécie de banda de estimação, com a função, além de tocar fundos musicais que dão aquele clima agradável, de achar graça de eventuais piadas sem graça do magnânimo. Claro, piadas sem graça acontecem. O baixista do sexteto é o principal responsável por essa função. Assim que percebe não haver graça na piada de Jô Soares, o baixista solta aquelas gargalhadas com estardalhaço, e seu senso de humor contagia a platéia. Quando a piada não consegue nem arrancar risadas estridentes do baixista, Jô Soares parte para uma psicologia reversa, que sempre funciona: "Essa piada foi horrível, não teme graça nenhuma..." E todos contribuem ao espetáculo com gargalhadas e sorrisos simpáticos. Que artifício invejável desse grande falcatrua!
A banda toca e chega o gordinho simpático. Vem dançando sensualmente, com suas roupas elegantes, barba rala, óculos estilosos. Às vezes toma um bongô, dá umas batucadas leves, ou um trompete, sempre auxiliado pelo trompetista oficial do sexteto. No fim da apresentação, aquele movimento de sua mãozinha, determinando o término do fundo musical. Que maestria! Que sincronismo! O programa se inicia com piadas refinadíssimas, retiradas todas da internet. Provavelmente todos que o assistem e possuem e-mails em casa já devem conhecer estas piadas, mas o que importa é o poder de interpretação de Jô. Além de apresentador e instrumentista, é um grande ator!
Na apresentação dos convidados, um banho de simpatia e elegância. Ao chamá-los, caminha graciosamente até seus assentos, pega no braço, dá beijinho. Tudo com aquele fundo musical especial. Mãozinha de maestro, a banda pára e a entrevista começa. O entrevistado fica sempre envergonhado, afinal, nada mais nada menos que a figura de Jô Soares está à sua frente entrevistando-o. Jô demonstra intimidade com o convidado. Pega no braço, descontrai o tom da conversa, oferece-lhe drinks chiques. Ordena que o garçom chileno sirva os drinks, e quando o garçom retorna, sempre se torna alvo fácil de suas piadinhas, numa insinuação de que possuía relacionamentos com o antigo General Pinochet. Claro, o que conhecemos sobre o Chile, além do Pinochet? Mas voltemos ao que interessa. O convidado toma o drink carregado de álcool, sente-se mais descontraído e aceita a intimidade de Jô Soares. Além das perguntas de praxe, como início da carreira, projetos futuros, etc, Jô não deixa passar nenhuma oportunidade de incluir seus trocadilhos engraçados. Quando o convidado é um ator ou atriz "da casa", a entrevista rende. Quando é um estrangeiro, Jô exibe invejável fluência no verbo "Tu bi". Além de apresentador, multi-instrumentista, ator, ele é também poliglota! Quando é um músico, o gordinho demonstra conhecimento infalível sobre Bilie Holiday, Miles Davis e Frank Sinatra. Nas apresentações musicais, se ele diz "Bravo!" no final, é sinal que a banda é de altíssima qualidade.
As entrevistas terminam geralmente com aquele sonoro "Aaaahhhhh", de tão boas que são. Regida por este que é um artista situado num dos maiores pedestais da televisão nacional, a platéia de Jô Soares sai do estúdio extaseada de tanta informação, cultura, conhecimento. Saem se perguntando: "Como que pode um ser humano adquirir tanto conhecimento?".
Livros, peças de teatro, humorísticos, programa de entrevistas mais assistido, Jô Soares lutou muito para chegar aonde chegou. O que seria de Jô sem sua arte da falcatrua? É por isso que ele merece a primeira homenagem.
De todos os milhares de entrevistados que foram ao programa do Jô, apenas um conseguiu desmascarar sua falcatrua. Sim, Jô Soares um dia foi desmacarado. E o responsável por isso foi uma menininha de 4 anos de idade. Ela fez um comercial de uma empresa de telefonia porque era uma miniaturinha da garota propaganda da empresa e, junto com seus pais, foi convidada por Jô.
Diante de todos os holofotes e babações do auditório por seus grandes olhos azuis e sua bochecha rosada, a menininha sentia-se desconfortável com aquilo tudo. Assim que foi chamada a sentar à frente daquele ser redondo barbudo, igual a um monstro que ela via num desenho animado, a doce menininha se assustou e correu para o colo da mamãe. O gordo barbudo insistia em provocar a menina, mostrando suas fotos para aquela platéia calorosa. Todos faziam "aaahh, que fofinha, que tutuzinha, nhenhenhem". Cansada de tanta melação, a menina utilizou o único recurso que tinha para reclamar: o choro. Não deu importância aos comentários do gordo barbudo, queria ir para casa. O gordo ainda jogou baixo. Disse: "ela vai morrer de rir no futuro quando ver a gravação". A entrevista terminou sem nenhuma conversa, e a máscara do grande falcatrua da televisão caiu.
O primeiro homenageado é o gordo mais charmoso da televisão. Seus fãs são obrigados a dormir lá para as 2:30 da madrugada, chegar ao trabalho atrasado e tomar esporro do patrão, só porque não deixou de ir pra cama sem o gordo. Sim, Jô Soares tem uma legião de admiradores em todo Brasil, que deixam de dormir cedo para assisti-lo.
Símbolo de inteligência, aspecto intelectual, Jô Soares estimula a admiração de seus espectadores. Sua capacidade de persuasão, seu humor refinado são inquestionáveis. A alta profundidade dos assuntos abordados em suas entrevistas também impressionam. Jô Soares possui o cérebro que todos gostariam de ter.
Seu programa começa com aquele fundo musical de altíssimo gosto. Blues, jazz, estilos musicais que a maioria da população só ouve de longe, quando passam por restaurantes de granfinos.
Todo falcatrua que se preze possui seu capacho. No caso de Jô Soares, são seis os capachos. O sexteto forma uma espécie de banda de estimação, com a função, além de tocar fundos musicais que dão aquele clima agradável, de achar graça de eventuais piadas sem graça do magnânimo. Claro, piadas sem graça acontecem. O baixista do sexteto é o principal responsável por essa função. Assim que percebe não haver graça na piada de Jô Soares, o baixista solta aquelas gargalhadas com estardalhaço, e seu senso de humor contagia a platéia. Quando a piada não consegue nem arrancar risadas estridentes do baixista, Jô Soares parte para uma psicologia reversa, que sempre funciona: "Essa piada foi horrível, não teme graça nenhuma..." E todos contribuem ao espetáculo com gargalhadas e sorrisos simpáticos. Que artifício invejável desse grande falcatrua!
A banda toca e chega o gordinho simpático. Vem dançando sensualmente, com suas roupas elegantes, barba rala, óculos estilosos. Às vezes toma um bongô, dá umas batucadas leves, ou um trompete, sempre auxiliado pelo trompetista oficial do sexteto. No fim da apresentação, aquele movimento de sua mãozinha, determinando o término do fundo musical. Que maestria! Que sincronismo! O programa se inicia com piadas refinadíssimas, retiradas todas da internet. Provavelmente todos que o assistem e possuem e-mails em casa já devem conhecer estas piadas, mas o que importa é o poder de interpretação de Jô. Além de apresentador e instrumentista, é um grande ator!
Na apresentação dos convidados, um banho de simpatia e elegância. Ao chamá-los, caminha graciosamente até seus assentos, pega no braço, dá beijinho. Tudo com aquele fundo musical especial. Mãozinha de maestro, a banda pára e a entrevista começa. O entrevistado fica sempre envergonhado, afinal, nada mais nada menos que a figura de Jô Soares está à sua frente entrevistando-o. Jô demonstra intimidade com o convidado. Pega no braço, descontrai o tom da conversa, oferece-lhe drinks chiques. Ordena que o garçom chileno sirva os drinks, e quando o garçom retorna, sempre se torna alvo fácil de suas piadinhas, numa insinuação de que possuía relacionamentos com o antigo General Pinochet. Claro, o que conhecemos sobre o Chile, além do Pinochet? Mas voltemos ao que interessa. O convidado toma o drink carregado de álcool, sente-se mais descontraído e aceita a intimidade de Jô Soares. Além das perguntas de praxe, como início da carreira, projetos futuros, etc, Jô não deixa passar nenhuma oportunidade de incluir seus trocadilhos engraçados. Quando o convidado é um ator ou atriz "da casa", a entrevista rende. Quando é um estrangeiro, Jô exibe invejável fluência no verbo "Tu bi". Além de apresentador, multi-instrumentista, ator, ele é também poliglota! Quando é um músico, o gordinho demonstra conhecimento infalível sobre Bilie Holiday, Miles Davis e Frank Sinatra. Nas apresentações musicais, se ele diz "Bravo!" no final, é sinal que a banda é de altíssima qualidade.
As entrevistas terminam geralmente com aquele sonoro "Aaaahhhhh", de tão boas que são. Regida por este que é um artista situado num dos maiores pedestais da televisão nacional, a platéia de Jô Soares sai do estúdio extaseada de tanta informação, cultura, conhecimento. Saem se perguntando: "Como que pode um ser humano adquirir tanto conhecimento?".
Livros, peças de teatro, humorísticos, programa de entrevistas mais assistido, Jô Soares lutou muito para chegar aonde chegou. O que seria de Jô sem sua arte da falcatrua? É por isso que ele merece a primeira homenagem.
De todos os milhares de entrevistados que foram ao programa do Jô, apenas um conseguiu desmascarar sua falcatrua. Sim, Jô Soares um dia foi desmacarado. E o responsável por isso foi uma menininha de 4 anos de idade. Ela fez um comercial de uma empresa de telefonia porque era uma miniaturinha da garota propaganda da empresa e, junto com seus pais, foi convidada por Jô.
Diante de todos os holofotes e babações do auditório por seus grandes olhos azuis e sua bochecha rosada, a menininha sentia-se desconfortável com aquilo tudo. Assim que foi chamada a sentar à frente daquele ser redondo barbudo, igual a um monstro que ela via num desenho animado, a doce menininha se assustou e correu para o colo da mamãe. O gordo barbudo insistia em provocar a menina, mostrando suas fotos para aquela platéia calorosa. Todos faziam "aaahh, que fofinha, que tutuzinha, nhenhenhem". Cansada de tanta melação, a menina utilizou o único recurso que tinha para reclamar: o choro. Não deu importância aos comentários do gordo barbudo, queria ir para casa. O gordo ainda jogou baixo. Disse: "ela vai morrer de rir no futuro quando ver a gravação". A entrevista terminou sem nenhuma conversa, e a máscara do grande falcatrua da televisão caiu.
Perfil I
A sala de redação era bem grande. A iluminação, um pouco acima da meia-luz, dependia mais do grande telão ao fundo, onde era transmitida a programação, e dos monitores de tela de plasma espalhados nas escrivaninhas, do que das lâmpadas no teto. Os repórteres, ao mesmo tempo em que centravam os olhos nos computadores, flertavam aonde mais emanava claridade, o aquário, ao fundo, onde os editores se reuniam. Lá, ao redor de uma mesa ovalada, com uma vista panorâmica capaz de observar todos que circulavam, eram decididas as pautas do dia. O tom amistoso, permeado de seriedade, demonstrava profissionalismo da equipe de editores, e este mesmo caráter era submetido à voz final do editor-chefe.
Sem muitas dificuldades, era ele o centro das atenções. Como todo editor-chefe que se preze, ditava, através do espelho da pauta, o que seria primordialmente abordado. Não tinha necessidade de levantar a voz potente de locutor, empregando-a morosamente. Concedia direito de resposta, sabia ouvir. Tomava as rédeas da conversa com desenvoltura e diplomacia, sem perder a compostura nem a eficácia. Sentia-se como na própria sala de estar, recebendo convidados, contando histórias de família, sentado numa poltrona particular onde o terno preto descansa no encosto. Gingava sobre a cadeira, dirigindo a quem arriscava alguma idéia a grande cabeça de pequenos olhos e cabelos pretos com uma pequena porém sobressalente mecha grisalha. A gravata azul marinho pendulava, destacando-se sobre a camisa branca. Driblava idéias consideradas descabíveis apenas franzindo o cenho aos que o contra-argumentavam. Intimidava pelo olhar, como se peitasse a alma do pobre debatedor. A eloqüencia exibia um poliglotismo que mesclava português, algo em inglês e uns biquinhos de francês. Comportava-se como um adolescente prodígio querendo impressionar a namorada diante dos amigos. E, ao lado, trajando um blazer acinzentado e uma saia incapaz de cobrir as pernas modeladas pelo balé, a esposa e parceira de ancoragem no mais importante telejornal do país. Ela corroborava as idéias do marido com largos sorrisos, acrescentando comentários pingados. Ele nem precisava olhar para a esposa a fim de se confortar no apoio.
Dos assuntos da pauta, o que mais chamava atenção aos olhos dos editores era o risco de uma nova Tsunami na Ásia. Preocupava-os menos o possível desastre e sofrimento das famílias do que o número de vítimas suficiente para colocar a matéria na abertura do jornal. Até o momento, nenhuma. Os paradigmas clássicos do Jornalismo eram aplicados com perfeição pelo editor-chefe, William Bonner. Mais que isso, os paradigmas da Vênus Platinada sobrepunham-se a quaisquer outros.
Na escalada até o topo do jornalismo da emissora, Bonner era o quarto. Antes dele, Ali Kamel, que também supervisiona o periódico das Organizações, sendo uma espécie de arcebispo do feudo midiático global. O segundo, Carlos Henrique Schroeder, escritor e jornalista, conhecido mais no meio profissional do que aos olhos do grande público. No topo da lista, o dono da emissora, João Roberto Marinho. A relação entre os quatro jornalistas é de extrema confiança. William Bonner praticamente possui toda liberdade para tocar o jornal, de acordo com as diretrizes da empresa. Ele explica que, apenas “em assuntos mais delicados, como os que envolvem o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”, os cargos mais altos são acionados. O oposto também ocorre. Constantemente, Ali Kamel telefonava para o celular de Bonner. Despreocupado com qualquer regra de etiqueta, dava para ouvir a conversa até fora do aquário, enquanto os outros editores esperavam, pacientes, conversando entre cochichos.
O aquário é o quartel general do jornal. Daquela salinha, pode-se fazer contato, através de videoconferência, com Brasília, São Paulo, Nova Iorque e Londres. Tudo modernizado. Tela de plasma do tamanho de um imenso quadro, controle remoto e microfone acoplados à mesa ovalada, duas câmeras espalhadas para George Orwell nenhum botar defeito. À porta, aguardavam o fim da reunião seis estudantes de Jornalismo. Iriam conversar com o editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional.
Todas as segundas-feiras a Central Globo de Jornalismo, que fica no bairro do Jardim Botânico, zona sul da cidade do Rio de Janeiro, recebe visita de estudantes. O principal anfitrião é William Bonner. Ele próprio é quem explica o funcionamento de um telejornal, numa espécie de minicurso de aproximados trinta minutos. Depois, reserva uma hora para perguntas. Com ares de professor, diz ser capaz de transformar qualquer pessoa com conhecimentos gerais razoáveis num jornalista excepcional, tudo em seis meses. Formado na Universidade de São Paulo, Bonner sempre atuou no jornalismo como locutor ou apresentador de TV, sendo um privilegiado pela voz grossa e boa aparência. Não possui bagagem em imprensa escrita; pouca como repórter. Começou na maior emissora de televisão já ancorando um telejornal de São Paulo. Durante a vida profissional, o jornalismo foi visto por Bonner por um tele-prompter e uma câmera. Ganhou popularidade no telejornal líder em audiência no país, assim como notoriedade de funcionário exemplar.
Diante das perguntas de estudantes, sobretudo as recheadas com críticas ao jornalismo aplicado atualmente, Bonner parece ter respostas prontas, a toque de caixa. Mantendo a postura de editor-chefe, conversava intimidando, com fala bem articulada, suave. À primeira vista, suas opiniões não diferiram muito dos mais enfáticos questionamentos à imprensa. Após um palavrão, disse odiar Bush, que sente enjôo ao ler a revista Veja e que acha a imparcialidade um mito. Também não escondeu que, por se tratar de um programa de televisão aberta, preocupa-se sim com a audiência. Porém não perdeu a chance de vestir a camisa da empresa, afirmando ser o Jornal Nacional um “patrimônio nacional”, já gozando, então, de “credibilidade ao extremo”.
Como editor-chefe, deve se manter informado sobre os acontecimentos do mundo. Neste assunto, porém, Bonner confirmou ser a imparcialidade algo perecível, tornando-se alvo daquilo que ele próprio critica. Informa-se apenas pelas fontes de onde emana o poder mundial, através das principais agências de notícias e grande mídia. Reproduz assim, mesmo sendo um rapaz latino-americano que fugia das porretadas da polícia no Regime Militar quando ainda era um estudante de Jornalismo, o ponto de vista hegemônico.
Hoje não há perseguições políticas aos estudantes. As preocupações disseminam-se nas diversas causas. Às vezes se pulverizam. No debate com os alunos, William Bonner usava deste artifício. Dizia que a juventude, em vez de se preocupar com causas mais distantes, como a Guerra do Iraque, deveria focar questões mais próximas, na política da cidade, do estado, do país. A defesa do apresentador apoiava-se nos esparsos tiros dados pela esquerda no mundo, sobretudo ao notar um aluno vestindo uma camisa do Fórum Social Mundial; ou ao ser perguntado o que acha da Tele Sur; ou ao ser indagado por quê o Jornal Nacional deu pífia importância à eleição de Tabaré Vasquez no Uruguai, ao contrário de uma edição quase inteira sobre a reeleição do presidente americano George W. Bush; ou ao ser questionado quanto à relevância que seu telejornal dá aos movimentos sociais, como o Movimento Sem-Terra, aos índios ou aos sem-teto.
Houve algumas interrupções por editores ao longo da conversa. O possível Tsunami era um terremoto. Os mais de vinte mortos renderam matéria de abertura. De resto, tudo correu como sempre num dia-a-dia de um telejornal.
Passando do lado de fora do aquário um jovem rapaz foi chamado pelo apresentador. Depois de convidado a participar do bate-papo com os alunos, Bonner o apresentou devidamente. Seu nome é Ricardo. Aparentemente tímido, trajando uma camisa social que parecia ter sido passada a ferro segundos atrás, ele disse fazer estágio na produção do Jornal Nacional. A relação entre os dois aparentava ser bastante próxima, causando surpresa aos alunos. Neste momento, tocou o celular de Bonner, e os alunos aproveitaram para uma pequena sabatina com o estagiário. Sem alongar-se muito nas respostas, e com o olhar evitando encontros, Ricardo contou que cursa Economia numa faculdade particular. A pequena roda de perguntas foi interrompida assim que Bonner desligou o celular. O apresentador retomou as rédeas da conversa e dispensou o rapaz. Horas depois, o guia da visita à Central Globo de Jornalismo, com toda carioquice que dispensa protocolos, revelou aos alunos que o jovem rapaz é neto de Roberto Marinho, filho do dono da emissora, João Roberto Marinho.
Ocupando um dos cargos mais importantes do jornalismo nacional, William Bonner demonstra ser a concretização que todos os trainees e promessas de qualquer empresa sonham alcançar, sempre carregando os ideais da instituição a qualquer canto. Além de ser um profissional qualificado sob idiossincrasias empresariais, o telejornal que apresenta o transformou em figura pública. Poucas semanas antes deste encontro, Bonner tinha sido seqüestrado, o que causou alarde nos fait-divers. Todos os dias, ele entra sem bater nos lares dos brasileiros, como um velho e respeitável amigo que teve extremo sucesso na vida, pai de três filhos, sempre acompanhado da esposa, Fátima Bernardes. Tornou-se um ícone do que representa não apenas o padrão do jornalismo que se pratica atualmente, mas também sinônimo de verdade, de seriedade e de responsabilidade, com o detalhe de ser estes três paradigmas produtos agora pasteurizados, empacotados numa embalagem posta à venda, aquilo que hoje se denomina informação.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Três jornais
E se existissem estes três jornais: a Voz da Razão, a Voz do Coração e a Voz da Opinião?
Fato fictício:
Instaura-se uma guarda municipal como aquelas do império. Os dorminhocos sentados nos bancos das praças tomando porradas de guardas fardados. O sedan zunindo pelas vias, fugindo da patrulhinha. O fiscal multando o bêbado por não ter atravessado na faixa. O combate da polícia à máfia dos mictórios.
Jornal A Voz da Razão, o jornal mais isento, imparcial e lógico.
Policiais da 56ª DP prenderam nesta manhã de sábado o chefe da máfia dos mictórios, Zeferino da Silva, o Pará, na chamada Operação Incontinência. O mafioso foi flagrado urinando na parede do 63º BPM, que fica no bairro de Mijadinhas, em Cachoeira Pequena.
Entenda a máfia dos mictórios
Logo após a proibição decretada pelo prefeito Caesar Malafaias de prender os pedestres que urinam nas ruas, começaram a surgir clandestinamente vendedores ambulantes que permitiam que seus clientes urinassem atrás das barracas pelo preço de um real.
Está entrando no ar, A Voz do Coração, com Wilson Nilson, o apresentador das multidões
- Excelente o trabalho dos policiais da 56ª DP! Não pode deixar estes vagabundos tomarem as nossas ruas, emporcalharem nossas calçadas! E cobram do direito do cidadão de exercer uma função fisiológica!
Mas eu queria dizer a você, meu amigo, minha amiga, para não urinar nas calçadas. Urinar éi sso mesmo que você tá pensando, é mijar! Soltar uma agüinha do joelho, aliviar a bexiga. Quer mijar? Mija em casa! Ou mija no ralo, escondido.
Voz da Opinião, quem dá a opinião é você
"Ae, dizer uma coisa, quem nunca mijou na calçada? Essa classe média é muito ipócrita!"
(Classe baixa)
"Também, pobre não tem educação. Não pode dar dinheiro que enche a cara de cerveja e sai mijando tudo por aí! Não pode ver uma árvore, parece cachorro. Eu quando vou urinar procuro uma loja, um restaurante, não faço essas porcarias na rua não. Mantenho minha cidade limpa!
(Classe média)
"As causas da pobreza nada tem a ver com suas necessidades fisiológicas. O problema é a discriminação que o Governo tem com os espaços abastados da cidade. Não há banheiro químico, as ruas são uma imundície, só porque lá mora preto, pobre e favelado."
(Classe média intelectual)
"Eu mandava matar"
(Classe média emergente)
"Quero comprar aquele espaço e transformá-lo num centro cultural, onde todos possam freqüentar como se andassem num shopping center, com banheiros limpos a preço baratinho."
(Classe alta)
Rádio Voz da Razão, o jornalismo isento, imparcial e objetivo, que busca mostrar a verdade ao cidadão.
O ginasta Diogo Hipérlipo ficou em sétimo lugar nas finais masculinas no solo da Ginástica Olímpica. O brasileiro, campeão do mundo na mesma categoria ano passado, não executou com perfeição o salto triplo twist carpado, e caiu com as nádegas no chão. No salto final, Hipérlipo ainda tentou o giro que lhe deu o título nos Jogos das Malvinas 2022, o duplo triplo twist swingado, mas pisou fora dos limites do solo. Após a apresentação, Diogo chorou pelo insucesso, e não ajuda o Brasil a subir no quadro de medalhas.
Transmissão das finais pela Voz da Coração, com o narrador Adalberto Falcão, e comentários de Escar
- O Diogo lutou muito para chegar até aqui! Ele honrou a pátria, e o Brasil chora junto com ele! Vimos sua dedicação, seu empenho, sua concentraçããão que sempre o caracterizou! Valeu, Diego! O Brasil agradeeece este seu sétimo lugar! Não é, Escar, você que tanto suou esta camisa canarinho nas Olimpíadas de Winnisolte, em 2012?
- Com certeza, Adalberto. Todos vimos com clareza o desempenho do Diogo Hipérlipo. Como você disse, ele se dedicou muito e quem se dedica consegue as coisas. E representar o Brasil nas olimpíadas tem que dar a alma, dar o melhor de você pelo seu país, pelas duzentas milhões de pessoas que estão nos assistindo em casa. Infelizmente, não alcançamos o pódio, mas quem sabe daqui a quatro anos nas Olimpíadas da Tasmânia?
Voz da Opinião, a sua voz.
Cartas dos Leitores:
"Eu acho que esse Diego é um presepero, um fanfarrão! Ele quer mais é ser naturalizado ucraniano para disputar por outro país! Isso ninguém fala, isso ninguém fala! Aliás, não é de hoje que ele tem essa idéia de mudar sua nacionalidade"
(Jocimara da Silva, Fernandópolis, SC)
"A culpa é dos petistas, foi só colocar um presidente analfabeto no poder para o país virar o caos"
(Kiltler)
"Valew Dieego!, mandouu kra"
(gatinha23@hotmail.com)
"Essa economia neoliberal impede que o desenvolvimento esportivo do nosso país alcance as camadas trabalhadoras, populares, pois quem participa das olimpíadas e representa sua nação é o povo!"
(Trutasky, Rondinéia do Sul)
"Soube que o Diego Hipérlipo assinou contrato com o Deutschland Gymnastik Klub e não disputa mais pelo Brasil no próximo ano. Ele está totalmente desconcentrado, se bobear tá pensando em alemão."
(Gilson Gérson, Rio)
Fato fictício:
Instaura-se uma guarda municipal como aquelas do império. Os dorminhocos sentados nos bancos das praças tomando porradas de guardas fardados. O sedan zunindo pelas vias, fugindo da patrulhinha. O fiscal multando o bêbado por não ter atravessado na faixa. O combate da polícia à máfia dos mictórios.
Jornal A Voz da Razão, o jornal mais isento, imparcial e lógico.
Policiais da 56ª DP prenderam nesta manhã de sábado o chefe da máfia dos mictórios, Zeferino da Silva, o Pará, na chamada Operação Incontinência. O mafioso foi flagrado urinando na parede do 63º BPM, que fica no bairro de Mijadinhas, em Cachoeira Pequena.
Entenda a máfia dos mictórios
Logo após a proibição decretada pelo prefeito Caesar Malafaias de prender os pedestres que urinam nas ruas, começaram a surgir clandestinamente vendedores ambulantes que permitiam que seus clientes urinassem atrás das barracas pelo preço de um real.
Está entrando no ar, A Voz do Coração, com Wilson Nilson, o apresentador das multidões
- Excelente o trabalho dos policiais da 56ª DP! Não pode deixar estes vagabundos tomarem as nossas ruas, emporcalharem nossas calçadas! E cobram do direito do cidadão de exercer uma função fisiológica!
Mas eu queria dizer a você, meu amigo, minha amiga, para não urinar nas calçadas. Urinar éi sso mesmo que você tá pensando, é mijar! Soltar uma agüinha do joelho, aliviar a bexiga. Quer mijar? Mija em casa! Ou mija no ralo, escondido.
Voz da Opinião, quem dá a opinião é você
"Ae, dizer uma coisa, quem nunca mijou na calçada? Essa classe média é muito ipócrita!"
(Classe baixa)
"Também, pobre não tem educação. Não pode dar dinheiro que enche a cara de cerveja e sai mijando tudo por aí! Não pode ver uma árvore, parece cachorro. Eu quando vou urinar procuro uma loja, um restaurante, não faço essas porcarias na rua não. Mantenho minha cidade limpa!
(Classe média)
"As causas da pobreza nada tem a ver com suas necessidades fisiológicas. O problema é a discriminação que o Governo tem com os espaços abastados da cidade. Não há banheiro químico, as ruas são uma imundície, só porque lá mora preto, pobre e favelado."
(Classe média intelectual)
"Eu mandava matar"
(Classe média emergente)
"Quero comprar aquele espaço e transformá-lo num centro cultural, onde todos possam freqüentar como se andassem num shopping center, com banheiros limpos a preço baratinho."
(Classe alta)
Rádio Voz da Razão, o jornalismo isento, imparcial e objetivo, que busca mostrar a verdade ao cidadão.
O ginasta Diogo Hipérlipo ficou em sétimo lugar nas finais masculinas no solo da Ginástica Olímpica. O brasileiro, campeão do mundo na mesma categoria ano passado, não executou com perfeição o salto triplo twist carpado, e caiu com as nádegas no chão. No salto final, Hipérlipo ainda tentou o giro que lhe deu o título nos Jogos das Malvinas 2022, o duplo triplo twist swingado, mas pisou fora dos limites do solo. Após a apresentação, Diogo chorou pelo insucesso, e não ajuda o Brasil a subir no quadro de medalhas.
Transmissão das finais pela Voz da Coração, com o narrador Adalberto Falcão, e comentários de Escar
- O Diogo lutou muito para chegar até aqui! Ele honrou a pátria, e o Brasil chora junto com ele! Vimos sua dedicação, seu empenho, sua concentraçããão que sempre o caracterizou! Valeu, Diego! O Brasil agradeeece este seu sétimo lugar! Não é, Escar, você que tanto suou esta camisa canarinho nas Olimpíadas de Winnisolte, em 2012?
- Com certeza, Adalberto. Todos vimos com clareza o desempenho do Diogo Hipérlipo. Como você disse, ele se dedicou muito e quem se dedica consegue as coisas. E representar o Brasil nas olimpíadas tem que dar a alma, dar o melhor de você pelo seu país, pelas duzentas milhões de pessoas que estão nos assistindo em casa. Infelizmente, não alcançamos o pódio, mas quem sabe daqui a quatro anos nas Olimpíadas da Tasmânia?
Voz da Opinião, a sua voz.
Cartas dos Leitores:
"Eu acho que esse Diego é um presepero, um fanfarrão! Ele quer mais é ser naturalizado ucraniano para disputar por outro país! Isso ninguém fala, isso ninguém fala! Aliás, não é de hoje que ele tem essa idéia de mudar sua nacionalidade"
(Jocimara da Silva, Fernandópolis, SC)
"A culpa é dos petistas, foi só colocar um presidente analfabeto no poder para o país virar o caos"
(Kiltler)
"Valew Dieego!, mandouu kra"
(gatinha23@hotmail.com)
"Essa economia neoliberal impede que o desenvolvimento esportivo do nosso país alcance as camadas trabalhadoras, populares, pois quem participa das olimpíadas e representa sua nação é o povo!"
(Trutasky, Rondinéia do Sul)
"Soube que o Diego Hipérlipo assinou contrato com o Deutschland Gymnastik Klub e não disputa mais pelo Brasil no próximo ano. Ele está totalmente desconcentrado, se bobear tá pensando em alemão."
(Gilson Gérson, Rio)
Nutícia di Jornar
O Ministério da Fazenda anunciou estado de sítio. E o Ministério da Saúde, vai bem, obrigado? Enquanto isso, o Ministério do Planejamento disse que iria tentar o plano B. É que há tempos não chove no Ministério da Agricultura. então o Ministério da Defesa resolveu partir para o ataque, aproveitando a cegueira do Ministério da Justiça.
Onde já se viu? A Casa Civil virou Casa da Sogra. E todo mundo do campo protestou no Ministério das Cidades. Disseram que era muito mistério esse papo dos ministérios. Aconselharam destituir os conselhos, deram parte nos departamentos, questionaram as missões das comissões, e mandaram a CPI pra putaquipari!
Onde já se viu? A Casa Civil virou Casa da Sogra. E todo mundo do campo protestou no Ministério das Cidades. Disseram que era muito mistério esse papo dos ministérios. Aconselharam destituir os conselhos, deram parte nos departamentos, questionaram as missões das comissões, e mandaram a CPI pra putaquipari!
A ver com o nome do blog
Quando se faz da mente ornamento,
Subverte-se a cabeça a um orifício,
A um caminho de passagem
De excremento.
Antes fosse recipiente o consciente,
Pensamento que fertiliza.
E nem se sabe onde se deixa
Esta latrina!
Se canalizam-se as vias,
Ou concretizam-se as sinas,
Nem se poluem os sórdidos regatos
De devaneios mal pensados.
Passam apressadas as águas futuras,
Incolores, inodoras e insípidas.
Então cantarei o decantado,
O detrito deste lado,
Verei da foz os arrebóis,
Pois aqui fico inspirado,
Mas com o nariz tapado!
Subverte-se a cabeça a um orifício,
A um caminho de passagem
De excremento.
Antes fosse recipiente o consciente,
Pensamento que fertiliza.
E nem se sabe onde se deixa
Esta latrina!
Se canalizam-se as vias,
Ou concretizam-se as sinas,
Nem se poluem os sórdidos regatos
De devaneios mal pensados.
Passam apressadas as águas futuras,
Incolores, inodoras e insípidas.
Então cantarei o decantado,
O detrito deste lado,
Verei da foz os arrebóis,
Pois aqui fico inspirado,
Mas com o nariz tapado!
quinta-feira, 26 de junho de 2008
Qualquer coisa qualquer
- Qualquer coisa qualquer,
qual ou quanto quererias,
Se o acaso quisesse
Querer a partir do quanto
As coisas quaisquer
Deixassem de querer?
Qualquer coisa qualquer,
Se quiseres o querer,
O que quererias?
- Quereria quitutes!
Quereria quilos, quilombos,
Quilombolas, esquilos esquisitos,
Quiprocós, quinquilharias,
Quinhentos e quinze
Queixumes resolvidos
Pra nunca mais me queixar…
- Quê?! - Caí de queixo!
qual ou quanto quererias,
Se o acaso quisesse
Querer a partir do quanto
As coisas quaisquer
Deixassem de querer?
Qualquer coisa qualquer,
Se quiseres o querer,
O que quererias?
- Quereria quitutes!
Quereria quilos, quilombos,
Quilombolas, esquilos esquisitos,
Quiprocós, quinquilharias,
Quinhentos e quinze
Queixumes resolvidos
Pra nunca mais me queixar…
- Quê?! - Caí de queixo!
quarta-feira, 25 de junho de 2008
Tu e eu
Somos diferentes, tu e eu.
Tens forma e graça
e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
E não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa
- que não sei qual é!
És de outra pipa
e eu de um cripto.
Tu, lipa
Eu, calipto.
Gostas de um som tempestade
roque lenha
muito heavy
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães
o mais leve.
És vidrada no Lobão
eu sou mais albônico.
Tu,fão.
Eu,fônico.
És suculenta
e selvagem
como uma fruta do trópico
Eu já sequei
e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu,piniquim.
Eu,ropeu.
Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu,multo.
Eu,carístico.
És colorida,
um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,
e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu,cano.
Eu,clidiano.
Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.
Tu,tano.
Eu,femismo.
(Luis Fernando Veríssimo)
*Em homenagem à minha querida Kellika.
Tens forma e graça
e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
E não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa
- que não sei qual é!
És de outra pipa
e eu de um cripto.
Tu, lipa
Eu, calipto.
Gostas de um som tempestade
roque lenha
muito heavy
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães
o mais leve.
És vidrada no Lobão
eu sou mais albônico.
Tu,fão.
Eu,fônico.
És suculenta
e selvagem
como uma fruta do trópico
Eu já sequei
e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu,piniquim.
Eu,ropeu.
Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu,multo.
Eu,carístico.
És colorida,
um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,
e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu,cano.
Eu,clidiano.
Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.
Tu,tano.
Eu,femismo.
(Luis Fernando Veríssimo)
*Em homenagem à minha querida Kellika.
terça-feira, 24 de junho de 2008
Casas
As pessoas
São como casas.
Destas de olhos tortos, portas fechadas,
Vou dizer:
Não suporto mais.
Gosto mesmo é daquelas mais banais,
Que me permitem brincar nos seus quintais.
Das do tipo escancaradas,
Confesso, páro na calçada,
Olho a menina parada na mureta, acho graça,
E espero o sinal da minha entrada.
Há as mais oferecidas,
De janelas tão convidativas,
Me cortejam com banquetes, manás,
Me despejam confortável nos sofás.
Umas tão pequenas que cabem em carteiras,
Outras imponentes como fortalezas,
Cinzas como pedras, verdes como ardósias,
Frias como mármores, alugadas ou próprias,
Já quitadas ou devedoras, leiloadas, invadidas,
Discretos chalés, sinceras choupanas,
Tristes castelos, abertas cabanas
Arranha-céus agressores da visão,
Apartementos enclausurados,
Separados do céu pelo terraço,
De braços abertos à solidão.
Espero um dia seu convite.
Só assim sei como é de verdade
A casa
E você.
São como casas.
Destas de olhos tortos, portas fechadas,
Vou dizer:
Não suporto mais.
Gosto mesmo é daquelas mais banais,
Que me permitem brincar nos seus quintais.
Das do tipo escancaradas,
Confesso, páro na calçada,
Olho a menina parada na mureta, acho graça,
E espero o sinal da minha entrada.
Há as mais oferecidas,
De janelas tão convidativas,
Me cortejam com banquetes, manás,
Me despejam confortável nos sofás.
Umas tão pequenas que cabem em carteiras,
Outras imponentes como fortalezas,
Cinzas como pedras, verdes como ardósias,
Frias como mármores, alugadas ou próprias,
Já quitadas ou devedoras, leiloadas, invadidas,
Discretos chalés, sinceras choupanas,
Tristes castelos, abertas cabanas
Arranha-céus agressores da visão,
Apartementos enclausurados,
Separados do céu pelo terraço,
De braços abertos à solidão.
Espero um dia seu convite.
Só assim sei como é de verdade
A casa
E você.
Quem sou?
No fundo confuso confundo com fuso
E sumo com sumo e consumo quem sou.
Quem sou?
Já não confundo mais.
Mas ainda não consumi.
E sumo com sumo e consumo quem sou.
Quem sou?
Já não confundo mais.
Mas ainda não consumi.
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Exemplo da Providência
A repercussão do assassinato de três jovens no Morro da Mineira, a mando de um jovem tenente do Exército, chegou aos holofotes internacionais somente e graças aos próprios moradores do Morro da Providência. Se não fosse o intenso e revoltado protesto ocorrido em frente ao Comando Militar do Leste, na segunda-feira, dia 16, o caso iria ser esquecido pela mídia, tratado como os outros casos de assassinatos e ferimentos e mortes por bala perdida que ocorrem todos os dias nas favelas do Rio de Janeiro.
Um desses casos ocorreu na última terça-feira, dia 17, um pouco longe da região central carioca, na favela Cidade de Deus, na Zona Oeste. Uma criança de 8 anos foi atingida por uma bala perdida vinda de um confronto entre policiais e traficantes. O protesto dos moradores fechou a Linha Amarela, que liga a Barra da Tijuca ao Centro, na tarde de ontem, quarta-feira, dia 18.
Havia uma particularidade no caso ocorrido no Morro da Mineira, revelada no domingo, dia 15, pelos próprios militares. Foram agentes do Exército que levaram os três jovens à facção rival a que comanda o Morro da Providência, para terem uma "liçãozinha". Na segunda-feira, apesar da ordem ter partido de um comandante do Exército, os jornais não deram a relevância necessária. Novamente, se não fossem os protestos dos moradores da Providência, o que seria deste caso?
Teve tablóide que garantiu serem ordem partida dos traficantes os protestos dos moradores da Providência. Penso que, se isso for verdade, de que serve o Exército naquele lugar?
O Rio de Janeiro vive o cúmulo do descaso. Nos locais de favelas, o único braço do Estado que entrava era o repressor, denominado Polícia Militar. Na Providência, retiraram este braço e colocaram outro ainda mais truculento, que é um braço de guerra, chamado Exército.
Tomara que não chegue o dia em que teremos Vietnãs nos morros do Rio.
Um desses casos ocorreu na última terça-feira, dia 17, um pouco longe da região central carioca, na favela Cidade de Deus, na Zona Oeste. Uma criança de 8 anos foi atingida por uma bala perdida vinda de um confronto entre policiais e traficantes. O protesto dos moradores fechou a Linha Amarela, que liga a Barra da Tijuca ao Centro, na tarde de ontem, quarta-feira, dia 18.
Havia uma particularidade no caso ocorrido no Morro da Mineira, revelada no domingo, dia 15, pelos próprios militares. Foram agentes do Exército que levaram os três jovens à facção rival a que comanda o Morro da Providência, para terem uma "liçãozinha". Na segunda-feira, apesar da ordem ter partido de um comandante do Exército, os jornais não deram a relevância necessária. Novamente, se não fossem os protestos dos moradores da Providência, o que seria deste caso?
Teve tablóide que garantiu serem ordem partida dos traficantes os protestos dos moradores da Providência. Penso que, se isso for verdade, de que serve o Exército naquele lugar?
O Rio de Janeiro vive o cúmulo do descaso. Nos locais de favelas, o único braço do Estado que entrava era o repressor, denominado Polícia Militar. Na Providência, retiraram este braço e colocaram outro ainda mais truculento, que é um braço de guerra, chamado Exército.
Tomara que não chegue o dia em que teremos Vietnãs nos morros do Rio.
quarta-feira, 18 de junho de 2008
Zecabaleirar ou zecapagodear?
Hoje eu queria acordar com uma vontade danada
de mandar flores ao delegado
de bater na porta do vizinho e desejar bom dia
de beijar o português da padaria.
Eu queria que a vida me levasse.
- Vida, leva eu?
de mandar flores ao delegado
de bater na porta do vizinho e desejar bom dia
de beijar o português da padaria.
Eu queria que a vida me levasse.
- Vida, leva eu?
Sinal de revolta
Acabei de ter uma vontade brutal de apagar isso tudo, por achar que isso tudo aqui não passa de uma bosta fedida e improdutiva, incapaz de fertilizar nem os campos fertilizados por cocô de passarinhos. Sou impulsivo, e já tive isso outra época, com a primeira versão desta Antologia.
Posso ser impulsivo à vontade. Mas basta não ser tão desmemoriado a ponto de lembrar que todo este estrume faz juz ao nome do blógue.
Que se feda mais e mais.
Posso ser impulsivo à vontade. Mas basta não ser tão desmemoriado a ponto de lembrar que todo este estrume faz juz ao nome do blógue.
Que se feda mais e mais.
domingo, 15 de junho de 2008
Cultura
"O girino é o peixinho do sapo.
O silêncio é o começo do papo.
O bigode é a antena do gato.
O cavalo é o pasto do carrapato.
O cabrito é o cordeiro da cabra.
O pescoço é a barriga da cobra.
O leitão é um porquinho mais novo.
A galinha é um pouquinho do ovo.
O desejo é o começo do corpo.
Engordar é tarefa do porco.
A cegonha é a girafa do ganso.
O cachorro é um lobo mais manso.
O escuro é a metade da zebra.
As raízes são as veias da seiva.
O camelo é um cavalo sem sede.
Tartaruga por dentro é parede.
O potrinho é o bezerro da égua.
A batalha é o começo da trégua.
Papagaio é um dragão miniatura.
Bactéria num meio é cultura."
(Arnaldo Antunes)
O silêncio é o começo do papo.
O bigode é a antena do gato.
O cavalo é o pasto do carrapato.
O cabrito é o cordeiro da cabra.
O pescoço é a barriga da cobra.
O leitão é um porquinho mais novo.
A galinha é um pouquinho do ovo.
O desejo é o começo do corpo.
Engordar é tarefa do porco.
A cegonha é a girafa do ganso.
O cachorro é um lobo mais manso.
O escuro é a metade da zebra.
As raízes são as veias da seiva.
O camelo é um cavalo sem sede.
Tartaruga por dentro é parede.
O potrinho é o bezerro da égua.
A batalha é o começo da trégua.
Papagaio é um dragão miniatura.
Bactéria num meio é cultura."
(Arnaldo Antunes)
Devotos de Moria III
E o desastrado vivia distraidamente,
Separava arredio o corpo da mente,
Saía dos lugares onde é convidado
Se metia em confusão onde não é chamado,
Tropeçava e caía de cara no chão,
Toda hora que abria a porta da percepção,
Perturbava a cabeça a santa paciência,
Um divã e uma dose pra tanta demência.
Fala o que sempre foi dito.
Age como nunca neste mundo.
Surpreende com seus absurdos.
Quer-se e sempre será querido.
Bota uma camisa-de-força
E sai sambando pelas ruas.
Despe essa madura alma dura.
Veste a fantasia mais tola.
Se engasgava ao ingerir o tal maná dos deuses,
Refutava o zen-budismo dos montes chineses.
Refletia-se aos cacos no espatifado espelho,
De pileque, fica sóbrio, e de cara, fica bêbado
Estirado no chão,
Fumou cigarro a varejo,
Depois do gozo na cama
E do inesperado beijo.
Cada passo que seguia friamente calculado
Por testemunhas oculares de fatos bisbilhotados
Conforme suas faculdades débeis mentais,
Dito sob alucinações de mapas astrais
Tal qual amestrados modelos científicos
Descobertos por pesquisadores dos hospícios,
É quase sem querer ou sem querer querendo?
É não pensar em dizer o que não se diz?
É não tentar entender a quê se está tendendo?
É não dizer o pensar num já rompido triz?
Chegou agora do inferno,
Mas já está indo pro céu
Veio com seu novo terno,
Engomado no pinel.
Vai pro céu,
Vai pro céu,
Vai pro céu,
Vai pro céu...
Separava arredio o corpo da mente,
Saía dos lugares onde é convidado
Se metia em confusão onde não é chamado,
Tropeçava e caía de cara no chão,
Toda hora que abria a porta da percepção,
Perturbava a cabeça a santa paciência,
Um divã e uma dose pra tanta demência.
Fala o que sempre foi dito.
Age como nunca neste mundo.
Surpreende com seus absurdos.
Quer-se e sempre será querido.
Bota uma camisa-de-força
E sai sambando pelas ruas.
Despe essa madura alma dura.
Veste a fantasia mais tola.
Se engasgava ao ingerir o tal maná dos deuses,
Refutava o zen-budismo dos montes chineses.
Refletia-se aos cacos no espatifado espelho,
De pileque, fica sóbrio, e de cara, fica bêbado
Estirado no chão,
Fumou cigarro a varejo,
Depois do gozo na cama
E do inesperado beijo.
Cada passo que seguia friamente calculado
Por testemunhas oculares de fatos bisbilhotados
Conforme suas faculdades débeis mentais,
Dito sob alucinações de mapas astrais
Tal qual amestrados modelos científicos
Descobertos por pesquisadores dos hospícios,
É quase sem querer ou sem querer querendo?
É não pensar em dizer o que não se diz?
É não tentar entender a quê se está tendendo?
É não dizer o pensar num já rompido triz?
Chegou agora do inferno,
Mas já está indo pro céu
Veio com seu novo terno,
Engomado no pinel.
Vai pro céu,
Vai pro céu,
Vai pro céu,
Vai pro céu...
Na seqüência
AS CONSEQÜÊNCIAS
SERÃO TOMADAS NA
SEQÜENCIA.
SERÃO TOMADAS NA
SEQÜENCIA.
MELHOR TOMÁ-LAS
Do que SOFRÊ-LAS.
Do que SOFRÊ-LAS.
As conseqüências são inconseqüêntes,
Antes tê-las do que surpreender-se.
Tão fugidias, tão delinqüentes,
Quero ser surpreendido pelo inconseqüente,
Na seqüência das conseqüências.
Quero ser surpreendido pelo inconseqüente,
Na seqüência das conseqüências.
quarta-feira, 30 de abril de 2008
Escarródromo
Cuspo um texto de meu escarródromo mental. Uma crônica ficcional, nada muito normal aos olhos da multidão passageira, ao comportamento compostado dos devires. As ondas batem lamurientas sobre o cais, ondas gigantescas engolidoras de navios. Todos se mostram preparados para o apocalipse, e empostam as novas tecnologias, os captadores da realidade, cada vez mais retida nas pastas dos computadores, armazenada em arquivos empoeirados de vírus.
Tão obsoletas são as notícias, mesmo as mais esdrúxulas. Nos púlpitos sacrais da pós-modernidade, somente um padre voador para pregar a sandice humana. Pena que a a(l)titude lhe custou a vida. A maior capital da América Latina cresce a cada milésimo de segundo, encontra-se na ciranda das metrópoles, e sua veia oriental pulsou tanto que a terra tremeu, os prédios balançaram, e todos acharam alguma coisa fora da ordem. Diriam o quê os Novos Baianos passeando na velha garoa retorcida? Infanticídios ocorrem desde o surgimento das primeiras famílias, e todos ainda se chocam como se assistissem ao fim da novela das oito. Quem será a próxima vítima? Não do assassino, mas dos televisores.
Cada um por si, Deus contra todos. Já cantaram pelos alto-falantes a destribalização da globalização, pois McLuhan estava errado. Na aldeia global, todos se entocam, conectados a grande rede de banda larga, telefone fixo sem fio e canais a cabo, sedentos em baixar o mundo inteiro num clicar do mouse. As novas filosofias são postadas em cada blog adolescente, tornam-se verborragias de brinde na venda de uísque e energético por camelôs excluídos, desdentados e de pés sujos.
A nova cultura é recheio de biscoitos, e placebos ilegais são apreendidos pela polícia a cada noticiário. O auto-conhecimento agora é artigo demodé. Saiba para si, e não para os outros, ou louve os sábios do Tibet na nova contra-cultura, a moda espiritualística. Vendem-se parcelados nos bazares as respostas para os históricos questionamentos, embalados, rotulados, etiquetados. Livros de auto-ajuda, seitas pentecostais, terreiros de macumba, tudo caminhos para um único fim.
Saio deste escarródromo já consciente. Olho para o céu nebuloso, frio e chuvoso. Meus botões não me escutam mais, estão cheios de anfetaminas nas idéias. Daqui à frente, um infinito no qual pertenço e me pertence, até meus últimos suspiros, até meus últimos segundos.
Tão obsoletas são as notícias, mesmo as mais esdrúxulas. Nos púlpitos sacrais da pós-modernidade, somente um padre voador para pregar a sandice humana. Pena que a a(l)titude lhe custou a vida. A maior capital da América Latina cresce a cada milésimo de segundo, encontra-se na ciranda das metrópoles, e sua veia oriental pulsou tanto que a terra tremeu, os prédios balançaram, e todos acharam alguma coisa fora da ordem. Diriam o quê os Novos Baianos passeando na velha garoa retorcida? Infanticídios ocorrem desde o surgimento das primeiras famílias, e todos ainda se chocam como se assistissem ao fim da novela das oito. Quem será a próxima vítima? Não do assassino, mas dos televisores.
Cada um por si, Deus contra todos. Já cantaram pelos alto-falantes a destribalização da globalização, pois McLuhan estava errado. Na aldeia global, todos se entocam, conectados a grande rede de banda larga, telefone fixo sem fio e canais a cabo, sedentos em baixar o mundo inteiro num clicar do mouse. As novas filosofias são postadas em cada blog adolescente, tornam-se verborragias de brinde na venda de uísque e energético por camelôs excluídos, desdentados e de pés sujos.
A nova cultura é recheio de biscoitos, e placebos ilegais são apreendidos pela polícia a cada noticiário. O auto-conhecimento agora é artigo demodé. Saiba para si, e não para os outros, ou louve os sábios do Tibet na nova contra-cultura, a moda espiritualística. Vendem-se parcelados nos bazares as respostas para os históricos questionamentos, embalados, rotulados, etiquetados. Livros de auto-ajuda, seitas pentecostais, terreiros de macumba, tudo caminhos para um único fim.
Saio deste escarródromo já consciente. Olho para o céu nebuloso, frio e chuvoso. Meus botões não me escutam mais, estão cheios de anfetaminas nas idéias. Daqui à frente, um infinito no qual pertenço e me pertence, até meus últimos suspiros, até meus últimos segundos.
domingo, 20 de abril de 2008
Poema abandonado num comentário II
Na beira do rio, dorme o seixo de pedra.
Pego-o, olho e penso: sou temporal e passageiro,
E ele, tão velho quanto o mundo inteiro.
Sinto sua massa, mistura de areia e de outros minérios e minerais.
Finito, ele é só o pedaço do horizonte sem fim que esconde.
Seu contorno é a linha de separação
Entre ele e o resto do universo infinito.
Seu volume enche o que estaria em seu lugar:
O que se vê é silhueta no nada.
Ele atrai a Terra e o resto de todo o mundo
Com a mesma força com que afunda em minha mão.
Simples seixo, concentra em si os seus mistérios.
Sim, todos os que residem dentro de mim.
(Elvé Monteiro de Castro)
Pego-o, olho e penso: sou temporal e passageiro,
E ele, tão velho quanto o mundo inteiro.
Sinto sua massa, mistura de areia e de outros minérios e minerais.
Finito, ele é só o pedaço do horizonte sem fim que esconde.
Seu contorno é a linha de separação
Entre ele e o resto do universo infinito.
Seu volume enche o que estaria em seu lugar:
O que se vê é silhueta no nada.
Ele atrai a Terra e o resto de todo o mundo
Com a mesma força com que afunda em minha mão.
Simples seixo, concentra em si os seus mistérios.
Sim, todos os que residem dentro de mim.
(Elvé Monteiro de Castro)
Velho Novo Santo Antônio
A idéia foi do prefeito de Novo Santo Antônio, cidade de Mato Grosso do Sul, de oferecer remedinhos milagrosos aos idosos, uma espécie de Bolsa Viagra ou Broxura Zero. Para não acharem que estou mentindo, deu até notícia! Quanto à crônica abaixo, só os mais antigos de Novo Santo Antônio sabem. Mas eles não confirmam nem que a vaca tussa...
Ninguém sabe como Maneco apareceu em Novo Santo Antônio. Dizem que, depois que ele começou a perambular pela cidade, os casamentos se multiplicaram. De fato, teve época em que era um atrás do outro. Nunca as costureiras trabalharam tanto cosendo rendas brancas, véus, ornamentando grinaldas. O padre, sempre sorridente, orgulhava-se da agenda cheia e a caixinha farta, e as mães faziam questão de contar a todos o matrimônio das filhas.
Eram bons tempos. Maneco passava, e todos tiravam o chapéu. As dondocas suspiravam, inclusive as comprometidas. Mesmo com aquela cara de bobo, olhar caído, a barba por fazer, o cigarrinho de palha pendurado no canto da boca e a camisa de botão aberta com os pêlos gosmentos de suor à mostra, as raparigas sussuravam entre si, soltavam gemidinhos inquietos, enrubreciam com aquela cortesia toda. Maneco era o cortês das fanfarras.
Algumas diziam que era santo. Santo do pau oco, isso sim. Tudo bem, era boa praça, chegou a ser querido por toda cidade e a gentileza com as moças recém-casadas, mesmo acompanhadas, causava admiração até nos maridos. Só que esta simpatia não durou muito não. Foi-se embora de Novo Santo Antônio depois que apareceram os casos de homem que bate em mulher. Se eu fosse casado, o primeiro a desconfiar seria dele.
Mas mulher é um bicho estranho. Os casamentos não diminuíram depois que os boatos de traição se espalharam pelos botequins. As mocinhas casavam sob o juramento de ter escolhido o príncipe encantado. Aí bastavam uns dias após a lua-de-mel para os murmurinhos. Maneco tornou-se o nome mais falado da cidade. Uma vez um coronel conhecido na região queria enfiar umas balas nele. Nem sei como saiu vivo. E numa outra, os maridos da cidade se reuniram e marcaram dia e hora para dar uma surra no Maneco. Os boatos se espalharam rápido, e ele sumiu por um tempo, que todo mundo esqueceu.
Passaram-se os anos e algumas coisas mudaram. O Maneco continua pela região, mas o número de casamentos sossegou, e os casos de mulher que trai homem quase sumiram. Não espalha, mas agora ocorre mais é o contrário. Tudo por causa de uma idéia do prefeito em distribuir remédio que faz os homens se sentirem mais jovens. Deram até o nome de “Pinto Alegre”. Agora, veja só, homem de noventa anos de idade, casado há não sei quanto tempo, de amasso com meretriz. Que o remédio faz efeito, ninguém duvida. O curioso é que muita esposa de Novo Santo Antônio sabe das escapadas do marido e, em vez de pagar na mesma moeda, como em outras épocas, reclama com o prefeito, bate o pé e diz que remédio só entra em casa se for com sua autorização. Já houve casal que brigou na porta da prefeitura para saber quem iria levar o remédio pra casa. A polêmica é tanta que saiu até em jornal.
E o Maneco? Não, ele não saiu em jornal, nem dizem mais seu nome por aí como antes. Anda triste, bebendo sua pinga matinal, pensando na vida. Nem quer ouvir falar de remédio milagroso, muito menos em “Pinto Alegre”. Quando tocam no assunto, sabe que é provocação. Desconversa. Acho que pensa no passado, quando não havia “Pinto Alegre”, e quem reinava no galinheiro era um único galo, que além de cuidar das galinhas, não deixava os pintos escaparem.
Velho Novo Santo Antônio
Ninguém sabe como Maneco apareceu em Novo Santo Antônio. Dizem que, depois que ele começou a perambular pela cidade, os casamentos se multiplicaram. De fato, teve época em que era um atrás do outro. Nunca as costureiras trabalharam tanto cosendo rendas brancas, véus, ornamentando grinaldas. O padre, sempre sorridente, orgulhava-se da agenda cheia e a caixinha farta, e as mães faziam questão de contar a todos o matrimônio das filhas.
Eram bons tempos. Maneco passava, e todos tiravam o chapéu. As dondocas suspiravam, inclusive as comprometidas. Mesmo com aquela cara de bobo, olhar caído, a barba por fazer, o cigarrinho de palha pendurado no canto da boca e a camisa de botão aberta com os pêlos gosmentos de suor à mostra, as raparigas sussuravam entre si, soltavam gemidinhos inquietos, enrubreciam com aquela cortesia toda. Maneco era o cortês das fanfarras.
Algumas diziam que era santo. Santo do pau oco, isso sim. Tudo bem, era boa praça, chegou a ser querido por toda cidade e a gentileza com as moças recém-casadas, mesmo acompanhadas, causava admiração até nos maridos. Só que esta simpatia não durou muito não. Foi-se embora de Novo Santo Antônio depois que apareceram os casos de homem que bate em mulher. Se eu fosse casado, o primeiro a desconfiar seria dele.
Mas mulher é um bicho estranho. Os casamentos não diminuíram depois que os boatos de traição se espalharam pelos botequins. As mocinhas casavam sob o juramento de ter escolhido o príncipe encantado. Aí bastavam uns dias após a lua-de-mel para os murmurinhos. Maneco tornou-se o nome mais falado da cidade. Uma vez um coronel conhecido na região queria enfiar umas balas nele. Nem sei como saiu vivo. E numa outra, os maridos da cidade se reuniram e marcaram dia e hora para dar uma surra no Maneco. Os boatos se espalharam rápido, e ele sumiu por um tempo, que todo mundo esqueceu.
Passaram-se os anos e algumas coisas mudaram. O Maneco continua pela região, mas o número de casamentos sossegou, e os casos de mulher que trai homem quase sumiram. Não espalha, mas agora ocorre mais é o contrário. Tudo por causa de uma idéia do prefeito em distribuir remédio que faz os homens se sentirem mais jovens. Deram até o nome de “Pinto Alegre”. Agora, veja só, homem de noventa anos de idade, casado há não sei quanto tempo, de amasso com meretriz. Que o remédio faz efeito, ninguém duvida. O curioso é que muita esposa de Novo Santo Antônio sabe das escapadas do marido e, em vez de pagar na mesma moeda, como em outras épocas, reclama com o prefeito, bate o pé e diz que remédio só entra em casa se for com sua autorização. Já houve casal que brigou na porta da prefeitura para saber quem iria levar o remédio pra casa. A polêmica é tanta que saiu até em jornal.
E o Maneco? Não, ele não saiu em jornal, nem dizem mais seu nome por aí como antes. Anda triste, bebendo sua pinga matinal, pensando na vida. Nem quer ouvir falar de remédio milagroso, muito menos em “Pinto Alegre”. Quando tocam no assunto, sabe que é provocação. Desconversa. Acho que pensa no passado, quando não havia “Pinto Alegre”, e quem reinava no galinheiro era um único galo, que além de cuidar das galinhas, não deixava os pintos escaparem.
domingo, 13 de abril de 2008
M
Não lembro o nome do personagem desta história. Como a cidade onde atualmente vive, assim como a capital do estado, da mesma forma que o objeto responsável pelo ocorrido, e o produto o qual vende são palavras iniciadas com a letra "M", vou chamá-lo de Sr. M. O "Sr." é uma honraria, já que esta é uma história não autorizada.
Sr. M era um cidadão pacato em sua cidade natal, notado apenas pelos poucos amigos. Apreciador de plantas, principalmente as ervas naturais, aproveitou sua vasta lista de sites alternativos na internet para encomendar sementes de "M", e plantar oito pés na área de serviço do pequeno apartamento.
O conhecimento teórico do plantio, adquirido nestes sites, foi confirmado com o crescimento das mudas, o brotamento das folhas, o esvoaçar das idéias, o sucumbir da noção. Sr. M era uma pessoa bastante altruísta, e oferecia aos poucos amigos os frutos de seu plantio. Porém dependia de financiamentos para quitar dívidas, pagar aluguel, luz, telefone e encomendas. Então, aos poucos amigos, vendia "M" por um preço abaixo do mercado.
Todos sabiam, mas ninguém dizia, que as sementes de "M" do Sr. M eram as melhores da região. O bairro todo o conhecia, e Sr. M pôde assim quitar as dívidas e enfeitar seu apartamento com tudo o que sonhava. Um sofá novo, uma cama redonda, um aparelho de som potente e um DVD, estreado com o filme que acabou de chegar de Amsterdan, o "Cannabis Cup".
É, só que a boa vida estava com dias contados...
Num determinado sábado, Sr. M e um amigo assistiam ao tal DVD, vídeo dos apreciadores de sementes de "M" de todos os cantos do mundo. Comiam batatas fritas, bebiam cervejas caras e, lógico, também apreciavam "M". Ouviram, então, ao fundo, sons de sirene, e não eram do torneio.
O desespero subiu a espinha, era necessário fazer algo com os queridos pézinhos. Mas com os pensamentos fluidos, a solução encontrada foi despedir-se jogando-os no vaso sanitário mais próximo, idéia não muito furtiva, pois o tamanho do vasilhame onde estavam alojados os pés fez com que a privada entupisse.
Livrar-se dos agora malditos pés de "M" era obsessão, pois a campainha tocava, e eram os tiras (quem sabe esta história não vira um seriado americano?). O que fazer? Tudo, menos jogar pela janela da cozinha abaixo. Caiu justamente em cima do carro da polícia.
É, com a mente avoaçada, não pensou-se em outra coisa, não ocorreu outra coisa senão ir parar na delegacia, a ficar preso durante 21 dias. Sr. M, antes pacato cidadão da pacata cidade, que não é de Miracema do Norte, apesar de começar também com "M", agora estava nas capas dos principais jornais locais.
Pagou a fiança, ficou livre mas com a imagem manchada durante meses. Foi parar numa cidade que vamos chamar de "M", localizada a 125km da capital, que também começa com "M", e abriu um restaurante onde vende deliciosos pratos de "M" a preços não tão acessíveis.
Não planta mais "M", apenas pratos de "M". Porém ficou bastante interessado na dica de uma turista sobre adquirir sementes de "M", de diversos tipos e origens e ondas. Ela veio de um país, cujo nome também começa com "M".
Ok, esse texto ficou uma "M"...
Sr. M era um cidadão pacato em sua cidade natal, notado apenas pelos poucos amigos. Apreciador de plantas, principalmente as ervas naturais, aproveitou sua vasta lista de sites alternativos na internet para encomendar sementes de "M", e plantar oito pés na área de serviço do pequeno apartamento.
O conhecimento teórico do plantio, adquirido nestes sites, foi confirmado com o crescimento das mudas, o brotamento das folhas, o esvoaçar das idéias, o sucumbir da noção. Sr. M era uma pessoa bastante altruísta, e oferecia aos poucos amigos os frutos de seu plantio. Porém dependia de financiamentos para quitar dívidas, pagar aluguel, luz, telefone e encomendas. Então, aos poucos amigos, vendia "M" por um preço abaixo do mercado.
Todos sabiam, mas ninguém dizia, que as sementes de "M" do Sr. M eram as melhores da região. O bairro todo o conhecia, e Sr. M pôde assim quitar as dívidas e enfeitar seu apartamento com tudo o que sonhava. Um sofá novo, uma cama redonda, um aparelho de som potente e um DVD, estreado com o filme que acabou de chegar de Amsterdan, o "Cannabis Cup".
É, só que a boa vida estava com dias contados...
Num determinado sábado, Sr. M e um amigo assistiam ao tal DVD, vídeo dos apreciadores de sementes de "M" de todos os cantos do mundo. Comiam batatas fritas, bebiam cervejas caras e, lógico, também apreciavam "M". Ouviram, então, ao fundo, sons de sirene, e não eram do torneio.
O desespero subiu a espinha, era necessário fazer algo com os queridos pézinhos. Mas com os pensamentos fluidos, a solução encontrada foi despedir-se jogando-os no vaso sanitário mais próximo, idéia não muito furtiva, pois o tamanho do vasilhame onde estavam alojados os pés fez com que a privada entupisse.
Livrar-se dos agora malditos pés de "M" era obsessão, pois a campainha tocava, e eram os tiras (quem sabe esta história não vira um seriado americano?). O que fazer? Tudo, menos jogar pela janela da cozinha abaixo. Caiu justamente em cima do carro da polícia.
É, com a mente avoaçada, não pensou-se em outra coisa, não ocorreu outra coisa senão ir parar na delegacia, a ficar preso durante 21 dias. Sr. M, antes pacato cidadão da pacata cidade, que não é de Miracema do Norte, apesar de começar também com "M", agora estava nas capas dos principais jornais locais.
Pagou a fiança, ficou livre mas com a imagem manchada durante meses. Foi parar numa cidade que vamos chamar de "M", localizada a 125km da capital, que também começa com "M", e abriu um restaurante onde vende deliciosos pratos de "M" a preços não tão acessíveis.
Não planta mais "M", apenas pratos de "M". Porém ficou bastante interessado na dica de uma turista sobre adquirir sementes de "M", de diversos tipos e origens e ondas. Ela veio de um país, cujo nome também começa com "M".
Ok, esse texto ficou uma "M"...
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Batiestesia
Desafortunado, caquético, psicopatológico,
Isto é um cesto de palavras
Que se misturam e misturam
E depois nem sei no que vai dar
Por quê? Menos importa
As crianças brincam lá embaixo
E xingam pela frente o síndico
Que xinga por trás das crianças
Os pais que brincam la em cima
E sobrevoa na onda dos sons,
Que entra e sai dos ouvidos alucinados
por melodias suaves mas intrigantes
A reverberar até em momentos de sono
Na viagem de ônibus para casa
Encostado com a cabeça na janela
E passa pelo buraco
E cria um grande galo
E o moleque ri escondido
E você grita o foda-se.
"Foda-se!"
Que palavra sonora!
Cadê meu botãozinho
Que desliga tudo isso aqui
E fica tudo preto,
Com aquele zumbido
E a gente acha que faz refletir?
Bobagem!
Quem reflete é espelho!
Quem gosta de beleza interior é decorador!
Quem quer saber a verdade é filósofo!
Quem acredita nessas coisas?
Sabe aquelas pessoas fofas,
Educadas, atenciosas, engracadinhas?
Pra quê pagam psicanalistas?
A vida é uma viagem
Cheia de psicotrópicos naturais,
Anfetaminas, anfepramonas,
Serotoninas, testosteronas,
Estrogênios e progesteronas,
"Tudo é muito doido"
E tem gente que sobrevive dizendo só três frases:
"Só", "Podiscrê" e "Já é!"
Não é que eu não saiba
Que um dia não sei onde isso vai dar
É apenas uma experiências
E o bom é experimentar
Posso?
Posso?!
Ah, e o ego lá em cima!
Quem?
Ego, nêgo!
Meu ego é nêgo, igual aqueles seguranças de baile funk,
Mas ele entra e roça nas cocotinhas...
Fazê o quê?
Desce aí, desce até o chão!
E quem vai analisar isso tudo?
A conta já chegou e não tenho dinheiro,
Um puto sequer!
Nem pá saideira.. a saideira
Porque o santo já tomou todas
E ficou estirado no chão
Vomitando sobre as batina
Chama o táxi!
O táxi lunar pra levar este puto de volta pra casa!
Que eu vou ficar até o amanhecer
Pra chutar sandálias perdidas na calçada
E dormir depois que vocês forem trabalhar.
Boa noite!
Batiestesia: sensibilidade profunda resultante da estimulação dos receptores musculotendinosos.
(reloaded)
Isto é um cesto de palavras
Que se misturam e misturam
E depois nem sei no que vai dar
Por quê? Menos importa
As crianças brincam lá embaixo
E xingam pela frente o síndico
Que xinga por trás das crianças
Os pais que brincam la em cima
E sobrevoa na onda dos sons,
Que entra e sai dos ouvidos alucinados
por melodias suaves mas intrigantes
A reverberar até em momentos de sono
Na viagem de ônibus para casa
Encostado com a cabeça na janela
E passa pelo buraco
E cria um grande galo
E o moleque ri escondido
E você grita o foda-se.
"Foda-se!"
Que palavra sonora!
Cadê meu botãozinho
Que desliga tudo isso aqui
E fica tudo preto,
Com aquele zumbido
E a gente acha que faz refletir?
Bobagem!
Quem reflete é espelho!
Quem gosta de beleza interior é decorador!
Quem quer saber a verdade é filósofo!
Quem acredita nessas coisas?
Sabe aquelas pessoas fofas,
Educadas, atenciosas, engracadinhas?
Pra quê pagam psicanalistas?
A vida é uma viagem
Cheia de psicotrópicos naturais,
Anfetaminas, anfepramonas,
Serotoninas, testosteronas,
Estrogênios e progesteronas,
"Tudo é muito doido"
E tem gente que sobrevive dizendo só três frases:
"Só", "Podiscrê" e "Já é!"
Não é que eu não saiba
Que um dia não sei onde isso vai dar
É apenas uma experiências
E o bom é experimentar
Posso?
Posso?!
Ah, e o ego lá em cima!
Quem?
Ego, nêgo!
Meu ego é nêgo, igual aqueles seguranças de baile funk,
Mas ele entra e roça nas cocotinhas...
Fazê o quê?
Desce aí, desce até o chão!
E quem vai analisar isso tudo?
A conta já chegou e não tenho dinheiro,
Um puto sequer!
Nem pá saideira.. a saideira
Porque o santo já tomou todas
E ficou estirado no chão
Vomitando sobre as batina
Chama o táxi!
O táxi lunar pra levar este puto de volta pra casa!
Que eu vou ficar até o amanhecer
Pra chutar sandálias perdidas na calçada
E dormir depois que vocês forem trabalhar.
Boa noite!
Batiestesia: sensibilidade profunda resultante da estimulação dos receptores musculotendinosos.
(reloaded)
terça-feira, 1 de abril de 2008
Na perda do sono
Tem tanta gente acordada a noite inteira,
Contando as horas e achando um martírio,
Esmiuçando a labuta derradeira
De ter o dia carregado em sacrifício.
É o legado dessa gente tão penseira,
Que desconhece cada linha discorrida
De uma história tão bonita e tão faceira,
Que ela escreve inconsciente nessa vida.
Em cada leito há um peito tão marcado,
E o travesseiro analisando decisões
Nem tão certeiras mas que criam novos brados
A velhos fardos que almejam soluções.
E essa gente tão penseira e acordada,
Que se revira desmanchando os lençóis,
Que se remexe numa cama apertada,
E se enrola mas desata todos nós,
Carrega a cruz e a espada pelo ventre
Da realidade que desbota a alegria.
Mas quem constrói é essa gente o presente
E é só ela quem transforma o novo dia.
(reloaded)
Contando as horas e achando um martírio,
Esmiuçando a labuta derradeira
De ter o dia carregado em sacrifício.
É o legado dessa gente tão penseira,
Que desconhece cada linha discorrida
De uma história tão bonita e tão faceira,
Que ela escreve inconsciente nessa vida.
Em cada leito há um peito tão marcado,
E o travesseiro analisando decisões
Nem tão certeiras mas que criam novos brados
A velhos fardos que almejam soluções.
E essa gente tão penseira e acordada,
Que se revira desmanchando os lençóis,
Que se remexe numa cama apertada,
E se enrola mas desata todos nós,
Carrega a cruz e a espada pelo ventre
Da realidade que desbota a alegria.
Mas quem constrói é essa gente o presente
E é só ela quem transforma o novo dia.
(reloaded)
Poema abandonado num comentário
"Eu pensei que a lua não brilhasse,
sob os mortos no campo da guerrilha,
sobre a relva que encobre a armadilha
ou sobre o esconderijo da quadrilha,
mas brilha.
Pensei também que o pássaro não cantasse,
se o lavrador não colhe o que planta,
se uma família vai dormir sem janta,
com um sorriso preso na garganta,
mas canta.
Imaginei que a água não lavasse,
o chicote que em sangue se deprava,
quando de forma mostruosa e brava,
abre trilhas de dor na pele escrava,
mas lava.
Duvidei que simples borboleta,
por ser um vivo exemplo de esperança,
dançaria contente leve e mansa,
sobre o túmulo em flor de uma criança,
mas dança.
Também pensei que não faria mais poema algum,
Após tanto embaraço, tanta decepção,
Tanto cansaço,
Tanta espera em vão por teu abraço,
mas faço."
(Antônio Fernandes)
sob os mortos no campo da guerrilha,
sobre a relva que encobre a armadilha
ou sobre o esconderijo da quadrilha,
mas brilha.
Pensei também que o pássaro não cantasse,
se o lavrador não colhe o que planta,
se uma família vai dormir sem janta,
com um sorriso preso na garganta,
mas canta.
Imaginei que a água não lavasse,
o chicote que em sangue se deprava,
quando de forma mostruosa e brava,
abre trilhas de dor na pele escrava,
mas lava.
Duvidei que simples borboleta,
por ser um vivo exemplo de esperança,
dançaria contente leve e mansa,
sobre o túmulo em flor de uma criança,
mas dança.
Também pensei que não faria mais poema algum,
Após tanto embaraço, tanta decepção,
Tanto cansaço,
Tanta espera em vão por teu abraço,
mas faço."
(Antônio Fernandes)
domingo, 30 de março de 2008
Dose tripla de Saramago
O PRIMEIRO POEMA
Água, brancura e luz da madrugada,
E nardos orvalhados, olhos tardos,
E regressos de longe, lentos, vagos,
De espiral que se expande, ou nebulosa.
Assim diria que o mundo se criou:
Gesto liso das mãos do universo
Com perfumes e auras que anunciam,
Noutras mãos de quimera, outro verso.
O FRUTO
Mordo, voraz, a polpa e sob a língua
Se derrama o sabor reconhecido
Do fruto que se deu e que não mente.
Tudo parece igual, mas, no limite,
Decifro como um deus a obra doutro:
A promessa escondida na semente.
É TÃO FUNDO O SILÊNCIO
É tão fundo o silêncio entre as estrelas.
Nem o som da palavra se propaga.
Nem o canto das aves milagrosas.
Mas lá, entre as estrelas, onde somos
Um astro recriado, é que se ouve
O íntimo rumor que abre as rosas.
Água, brancura e luz da madrugada,
E nardos orvalhados, olhos tardos,
E regressos de longe, lentos, vagos,
De espiral que se expande, ou nebulosa.
Assim diria que o mundo se criou:
Gesto liso das mãos do universo
Com perfumes e auras que anunciam,
Noutras mãos de quimera, outro verso.
O FRUTO
Mordo, voraz, a polpa e sob a língua
Se derrama o sabor reconhecido
Do fruto que se deu e que não mente.
Tudo parece igual, mas, no limite,
Decifro como um deus a obra doutro:
A promessa escondida na semente.
É TÃO FUNDO O SILÊNCIO
É tão fundo o silêncio entre as estrelas.
Nem o som da palavra se propaga.
Nem o canto das aves milagrosas.
Mas lá, entre as estrelas, onde somos
Um astro recriado, é que se ouve
O íntimo rumor que abre as rosas.
segunda-feira, 17 de março de 2008
Tacitelha
Calhou, brincalhona,
Da calha cair
Lá de cima
E cada retalho de telha
Entediar-se.
Brinca de ser brinquedo.
Desse pra ser sério,
Brinquedo não seria.
Leva ainda de brinde
Aquele brim engomado,
Brinco perolado.
Aí sai pelo lado,
Lá do quintal da casa,
Da quinta avenida,
Às quintas do condado.
Quantas não foram os alçares
A alcançarem a alça do mundo,
A lançarem-se lancinantes
Sobre lagos, lagoas,
Açudes lá de cima dos montes,
E observarem o recolorir
Calado das telhas
Tácitas...
Da calha cair
Lá de cima
E cada retalho de telha
Entediar-se.
Brinca de ser brinquedo.
Desse pra ser sério,
Brinquedo não seria.
Leva ainda de brinde
Aquele brim engomado,
Brinco perolado.
Aí sai pelo lado,
Lá do quintal da casa,
Da quinta avenida,
Às quintas do condado.
Quantas não foram os alçares
A alcançarem a alça do mundo,
A lançarem-se lancinantes
Sobre lagos, lagoas,
Açudes lá de cima dos montes,
E observarem o recolorir
Calado das telhas
Tácitas...
sexta-feira, 14 de março de 2008
Devotos de Moria II
E o desastrado vivia
Separando o corpo da mente,
Batendo a cabeça nas quinas da sã consciência,
Tropeçando nos próprios pés pelas portas da percepção,
Falando pelos cotovelos no divã da psiquiatria,
Dando nós na garganta diante da perplexidade do real,
Quebrando espelhos do próprio reflexo,
Respirando ofegante no zen-budismo das altas montanhas,
Engasgando-se ao ingerir o maná dos deuses,
Mais pensava ou mais agia?
Cada passo que seguia friamente calculado
Segundo testemunhas oculares bisbilhoteiras;
Conforme a faculdade débil mental;
Tal qual as regras geométricas amestradas;
Pesquisado por cientistas do pinel,
Era eletrochocado pela realidade
De inéditos clichês
E camisas-de-força a um
E noventa
E nove.
Noves fora zero à esquerda!
Porque tudo é tudo
E nada é nada
- assim filosofou Dom Maia.
O desastrado mente de vez em sempre,
Sai de casa sem grana e volta bêbado,
Não gasta dinheiro no cigarro a varejo,
Goza na cama depois do inesperado beijo.
É sem querer querendo ou quase sem querer,
É não pensar em dizer o que não se pensa
Ou em não dizer o pensar naquilo que não se diz?
Apenas versos desastrados.
Separando o corpo da mente,
Batendo a cabeça nas quinas da sã consciência,
Tropeçando nos próprios pés pelas portas da percepção,
Falando pelos cotovelos no divã da psiquiatria,
Dando nós na garganta diante da perplexidade do real,
Quebrando espelhos do próprio reflexo,
Respirando ofegante no zen-budismo das altas montanhas,
Engasgando-se ao ingerir o maná dos deuses,
Mais pensava ou mais agia?
Cada passo que seguia friamente calculado
Segundo testemunhas oculares bisbilhoteiras;
Conforme a faculdade débil mental;
Tal qual as regras geométricas amestradas;
Pesquisado por cientistas do pinel,
Era eletrochocado pela realidade
De inéditos clichês
E camisas-de-força a um
E noventa
E nove.
Noves fora zero à esquerda!
Porque tudo é tudo
E nada é nada
- assim filosofou Dom Maia.
O desastrado mente de vez em sempre,
Sai de casa sem grana e volta bêbado,
Não gasta dinheiro no cigarro a varejo,
Goza na cama depois do inesperado beijo.
É sem querer querendo ou quase sem querer,
É não pensar em dizer o que não se pensa
Ou em não dizer o pensar naquilo que não se diz?
Apenas versos desastrados.
Desamoralização
Tantas fábulas confabuladas
Conformadas em bulas
Burladas por burros de cargas.
Nas rédeas não arredam os pés
Descalços os sábios que marcam
A ferro e fogo as foices e martelos.
Misturam-se paródias e rapsódias
De cavaleiros andantes e res desgarradas
Numa descompassada mixórdia de passos
Passados, presentes e futuros.
E acabam submetidos em confusão
Porque transgridem a subversão.
O moralista ainda tenta
Desmoralizar a multidão,
Mas, na moral,
Assim o amoral moraliza-se,
Enjoa da rebeldia
Que de tão sem causa acaba
Perdendo as calças.
E não é só o rei que fica nu,
Toda plebe acaba mostrando as vergonhas
E quem fica vestido envergonha-se.
Verso o reverso pelo avesso do avesso
Já que diversas são agora as artes que enalteço.
Antes que me esqueça
Todos os personagens de seus monólogos
São ventrílocos sem platéia
Logo, de que vale a encenação?
Vale o quanto a consciência pesa.
Aí o José, irmão do João do Pé de Feijão,
Subiu lá no castelo do gigante
E achou pêlo loiro
No ovo da galinha dos ovos de oiro.
Conformadas em bulas
Burladas por burros de cargas.
Nas rédeas não arredam os pés
Descalços os sábios que marcam
A ferro e fogo as foices e martelos.
Misturam-se paródias e rapsódias
De cavaleiros andantes e res desgarradas
Numa descompassada mixórdia de passos
Passados, presentes e futuros.
E acabam submetidos em confusão
Porque transgridem a subversão.
O moralista ainda tenta
Desmoralizar a multidão,
Mas, na moral,
Assim o amoral moraliza-se,
Enjoa da rebeldia
Que de tão sem causa acaba
Perdendo as calças.
E não é só o rei que fica nu,
Toda plebe acaba mostrando as vergonhas
E quem fica vestido envergonha-se.
Verso o reverso pelo avesso do avesso
Já que diversas são agora as artes que enalteço.
Antes que me esqueça
Todos os personagens de seus monólogos
São ventrílocos sem platéia
Logo, de que vale a encenação?
Vale o quanto a consciência pesa.
Aí o José, irmão do João do Pé de Feijão,
Subiu lá no castelo do gigante
E achou pêlo loiro
No ovo da galinha dos ovos de oiro.
quinta-feira, 13 de março de 2008
Devotos de Moria
"Ora, o que é a vida? É uma espécie de comédia contínua em que os homens, disfarçados de mil maneiras diferentes, aparecem em cena, desempenham seus papéis, até que o diretor, depois de tê-los feito mudar de disfarce e aparecer ora sob a púrpura soberba dos reis, ora sob os andrajos repulsivos da escravidão e da miséria, força-os finalmente a sair do palco. Em verdade, este mundo não é senão uma sombra passageira, mas assim é a comédia que nele representamos todos os dias."
Como os costumes morais da sociedade em que vivemos, e nos direciona a grande comédia da vida à mais entediosa rotina.
"É tão imprudente a prudência perniciosa quanto é insano ter uma sabedoria deslocada. Ora, não há prudência mais perniciosa que a que não sabe adaptar-se aos tempos e às circunstâncias, e que gostaria que a comédia não fosse uma comédia. Bebam, ou vão embora! dizia outrora os gregos a seus convivas; e eles tinham razão. A verdadeira prudência consiste, já que somos humanos, em não querer ser mais sábios do que nossa natureza o permite. É preciso ou suportar com boa vontade as loucuras da multidão, ou deixar-se levar com ela pela torrente dos erros.
"Mas, direis, é loucura conduzir-se assim"
"Concordo, contanto que concordeis também que isso é realmente o que se chama representar a comédia da vida."
Como os costumes morais da sociedade em que vivemos, e nos direciona a grande comédia da vida à mais entediosa rotina.
"É tão imprudente a prudência perniciosa quanto é insano ter uma sabedoria deslocada. Ora, não há prudência mais perniciosa que a que não sabe adaptar-se aos tempos e às circunstâncias, e que gostaria que a comédia não fosse uma comédia. Bebam, ou vão embora! dizia outrora os gregos a seus convivas; e eles tinham razão. A verdadeira prudência consiste, já que somos humanos, em não querer ser mais sábios do que nossa natureza o permite. É preciso ou suportar com boa vontade as loucuras da multidão, ou deixar-se levar com ela pela torrente dos erros.
"Mas, direis, é loucura conduzir-se assim"
"Concordo, contanto que concordeis também que isso é realmente o que se chama representar a comédia da vida."
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