quinta-feira, 19 de junho de 2008

Exemplo da Providência

A repercussão do assassinato de três jovens no Morro da Mineira, a mando de um jovem tenente do Exército, chegou aos holofotes internacionais somente e graças aos próprios moradores do Morro da Providência. Se não fosse o intenso e revoltado protesto ocorrido em frente ao Comando Militar do Leste, na segunda-feira, dia 16, o caso iria ser esquecido pela mídia, tratado como os outros casos de assassinatos e ferimentos e mortes por bala perdida que ocorrem todos os dias nas favelas do Rio de Janeiro.


Um desses casos ocorreu na última terça-feira, dia 17, um pouco longe da região central carioca, na favela Cidade de Deus, na Zona Oeste. Uma criança de 8 anos foi atingida por uma bala perdida vinda de um confronto entre policiais e traficantes. O protesto dos moradores fechou a Linha Amarela, que liga a Barra da Tijuca ao Centro, na tarde de ontem, quarta-feira, dia 18.


Havia uma particularidade no caso ocorrido no Morro da Mineira, revelada no domingo, dia 15, pelos próprios militares. Foram agentes do Exército que levaram os três jovens à facção rival a que comanda o Morro da Providência, para terem uma "liçãozinha". Na segunda-feira, apesar da ordem ter partido de um comandante do Exército, os jornais não deram a relevância necessária. Novamente, se não fossem os protestos dos moradores da Providência, o que seria deste caso?


Teve tablóide que garantiu serem ordem partida dos traficantes os protestos dos moradores da Providência. Penso que, se isso for verdade, de que serve o Exército naquele lugar?


O Rio de Janeiro vive o cúmulo do descaso. Nos locais de favelas, o único braço do Estado que entrava era o repressor, denominado Polícia Militar. Na Providência, retiraram este braço e colocaram outro ainda mais truculento, que é um braço de guerra, chamado Exército.


Tomara que não chegue o dia em que teremos Vietnãs nos morros do Rio.

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