terça-feira, 1 de abril de 2008

Poema abandonado num comentário

"Eu pensei que a lua não brilhasse,
sob os mortos no campo da guerrilha,
sobre a relva que encobre a armadilha
ou sobre o esconderijo da quadrilha,
mas brilha.

Pensei também que o pássaro não cantasse,
se o lavrador não colhe o que planta,
se uma família vai dormir sem janta,
com um sorriso preso na garganta,
mas canta.

Imaginei que a água não lavasse,
o chicote que em sangue se deprava,
quando de forma mostruosa e brava,
abre trilhas de dor na pele escrava,
mas lava.

Duvidei que simples borboleta,
por ser um vivo exemplo de esperança,
dançaria contente leve e mansa,
sobre o túmulo em flor de uma criança,
mas dança.

Também pensei que não faria mais poema algum,
Após tanto embaraço, tanta decepção,
Tanto cansaço,
Tanta espera em vão por teu abraço,
mas faço."

(Antônio Fernandes)

2 comentários:

Anônimo disse...

eu nao faco mais leio.. e gostei do que li.

Anônimo disse...

Depois de tanto ainda leio e procuro...

Por vezes não encontro...

Outras sim. Como esta.

Com a sua permissão vou transcrever este poema para o meu blog. Caso não queira, informe-me e eu retiro imediatamente. Obrigado.

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