domingo, 15 de junho de 2008

Devotos de Moria III

E o desastrado vivia distraidamente,
Separava arredio o corpo da mente,
Saía dos lugares onde é convidado
Se metia em confusão onde não é chamado,
Tropeçava e caía de cara no chão,
Toda hora que abria a porta da percepção,
Perturbava a cabeça a santa paciência,
Um divã e uma dose pra tanta demência.

Fala o que sempre foi dito.
Age como nunca neste mundo.
Surpreende com seus absurdos.
Quer-se e sempre será querido.

Bota uma camisa-de-força
E sai sambando pelas ruas.
Despe essa madura alma dura.
Veste a fantasia mais tola.

Se engasgava ao ingerir o tal maná dos deuses,
Refutava o zen-budismo dos montes chineses.
Refletia-se aos cacos no espatifado espelho,
De pileque, fica sóbrio, e de cara, fica bêbado

Estirado no chão,
Fumou cigarro a varejo,
Depois do gozo na cama
E do inesperado beijo.

Cada passo que seguia friamente calculado
Por testemunhas oculares de fatos bisbilhotados
Conforme suas faculdades débeis mentais,
Dito sob alucinações de mapas astrais
Tal qual amestrados modelos científicos
Descobertos por pesquisadores dos hospícios,

É quase sem querer ou sem querer querendo?
É não pensar em dizer o que não se diz?
É não tentar entender a quê se está tendendo?
É não dizer o pensar num já rompido triz?

Chegou agora do inferno,
Mas já está indo pro céu
Veio com seu novo terno,
Engomado no pinel.

Vai pro céu,
Vai pro céu,
Vai pro céu,
Vai pro céu...

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