As pessoas
São como casas.
Destas de olhos tortos, portas fechadas,
Vou dizer:
Não suporto mais.
Gosto mesmo é daquelas mais banais,
Que me permitem brincar nos seus quintais.
Das do tipo escancaradas,
Confesso, páro na calçada,
Olho a menina parada na mureta, acho graça,
E espero o sinal da minha entrada.
Há as mais oferecidas,
De janelas tão convidativas,
Me cortejam com banquetes, manás,
Me despejam confortável nos sofás.
Umas tão pequenas que cabem em carteiras,
Outras imponentes como fortalezas,
Cinzas como pedras, verdes como ardósias,
Frias como mármores, alugadas ou próprias,
Já quitadas ou devedoras, leiloadas, invadidas,
Discretos chalés, sinceras choupanas,
Tristes castelos, abertas cabanas
Arranha-céus agressores da visão,
Apartementos enclausurados,
Separados do céu pelo terraço,
De braços abertos à solidão.
Espero um dia seu convite.
Só assim sei como é de verdade
A casa
E você.
Porque é dela onde brotam fungos, transforma-se húmus, sucumbem túmulos, surgem larvas que se multiplicam e irradiam cheiro, cor e o ciclo da vida faz-se em flor.
terça-feira, 24 de junho de 2008
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Um comentário:
que lindo esse, adorei:)
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