domingo, 30 de março de 2008

Dose tripla de Saramago

O PRIMEIRO POEMA

Água, brancura e luz da madrugada,
E nardos orvalhados, olhos tardos,
E regressos de longe, lentos, vagos,
De espiral que se expande, ou nebulosa.
Assim diria que o mundo se criou:
Gesto liso das mãos do universo
Com perfumes e auras que anunciam,
Noutras mãos de quimera, outro verso.


O FRUTO

Mordo, voraz, a polpa e sob a língua
Se derrama o sabor reconhecido
Do fruto que se deu e que não mente.
Tudo parece igual, mas, no limite,
Decifro como um deus a obra doutro:
A promessa escondida na semente.

É TÃO FUNDO O SILÊNCIO

É tão fundo o silêncio entre as estrelas.
Nem o som da palavra se propaga.
Nem o canto das aves milagrosas.
Mas lá, entre as estrelas, onde somos
Um astro recriado, é que se ouve
O íntimo rumor que abre as rosas.

Um comentário:

Luana B. disse...

gosto muito do Saramago, mas as vezes fico um pouco angustiada com alguns trechos... é pode ser.
:) :*`s

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