A idéia foi do prefeito de Novo Santo Antônio, cidade de Mato Grosso do Sul, de oferecer remedinhos milagrosos aos idosos, uma espécie de Bolsa Viagra ou Broxura Zero. Para não acharem que estou mentindo, deu até notícia! Quanto à crônica abaixo, só os mais antigos de Novo Santo Antônio sabem. Mas eles não confirmam nem que a vaca tussa...
Ninguém sabe como Maneco apareceu em Novo Santo Antônio. Dizem que, depois que ele começou a perambular pela cidade, os casamentos se multiplicaram. De fato, teve época em que era um atrás do outro. Nunca as costureiras trabalharam tanto cosendo rendas brancas, véus, ornamentando grinaldas. O padre, sempre sorridente, orgulhava-se da agenda cheia e a caixinha farta, e as mães faziam questão de contar a todos o matrimônio das filhas.
Eram bons tempos. Maneco passava, e todos tiravam o chapéu. As dondocas suspiravam, inclusive as comprometidas. Mesmo com aquela cara de bobo, olhar caído, a barba por fazer, o cigarrinho de palha pendurado no canto da boca e a camisa de botão aberta com os pêlos gosmentos de suor à mostra, as raparigas sussuravam entre si, soltavam gemidinhos inquietos, enrubreciam com aquela cortesia toda. Maneco era o cortês das fanfarras.
Algumas diziam que era santo. Santo do pau oco, isso sim. Tudo bem, era boa praça, chegou a ser querido por toda cidade e a gentileza com as moças recém-casadas, mesmo acompanhadas, causava admiração até nos maridos. Só que esta simpatia não durou muito não. Foi-se embora de Novo Santo Antônio depois que apareceram os casos de homem que bate em mulher. Se eu fosse casado, o primeiro a desconfiar seria dele.
Mas mulher é um bicho estranho. Os casamentos não diminuíram depois que os boatos de traição se espalharam pelos botequins. As mocinhas casavam sob o juramento de ter escolhido o príncipe encantado. Aí bastavam uns dias após a lua-de-mel para os murmurinhos. Maneco tornou-se o nome mais falado da cidade. Uma vez um coronel conhecido na região queria enfiar umas balas nele. Nem sei como saiu vivo. E numa outra, os maridos da cidade se reuniram e marcaram dia e hora para dar uma surra no Maneco. Os boatos se espalharam rápido, e ele sumiu por um tempo, que todo mundo esqueceu.
Passaram-se os anos e algumas coisas mudaram. O Maneco continua pela região, mas o número de casamentos sossegou, e os casos de mulher que trai homem quase sumiram. Não espalha, mas agora ocorre mais é o contrário. Tudo por causa de uma idéia do prefeito em distribuir remédio que faz os homens se sentirem mais jovens. Deram até o nome de “Pinto Alegre”. Agora, veja só, homem de noventa anos de idade, casado há não sei quanto tempo, de amasso com meretriz. Que o remédio faz efeito, ninguém duvida. O curioso é que muita esposa de Novo Santo Antônio sabe das escapadas do marido e, em vez de pagar na mesma moeda, como em outras épocas, reclama com o prefeito, bate o pé e diz que remédio só entra em casa se for com sua autorização. Já houve casal que brigou na porta da prefeitura para saber quem iria levar o remédio pra casa. A polêmica é tanta que saiu até em jornal.
E o Maneco? Não, ele não saiu em jornal, nem dizem mais seu nome por aí como antes. Anda triste, bebendo sua pinga matinal, pensando na vida. Nem quer ouvir falar de remédio milagroso, muito menos em “Pinto Alegre”. Quando tocam no assunto, sabe que é provocação. Desconversa. Acho que pensa no passado, quando não havia “Pinto Alegre”, e quem reinava no galinheiro era um único galo, que além de cuidar das galinhas, não deixava os pintos escaparem.
Velho Novo Santo Antônio
Ninguém sabe como Maneco apareceu em Novo Santo Antônio. Dizem que, depois que ele começou a perambular pela cidade, os casamentos se multiplicaram. De fato, teve época em que era um atrás do outro. Nunca as costureiras trabalharam tanto cosendo rendas brancas, véus, ornamentando grinaldas. O padre, sempre sorridente, orgulhava-se da agenda cheia e a caixinha farta, e as mães faziam questão de contar a todos o matrimônio das filhas.
Eram bons tempos. Maneco passava, e todos tiravam o chapéu. As dondocas suspiravam, inclusive as comprometidas. Mesmo com aquela cara de bobo, olhar caído, a barba por fazer, o cigarrinho de palha pendurado no canto da boca e a camisa de botão aberta com os pêlos gosmentos de suor à mostra, as raparigas sussuravam entre si, soltavam gemidinhos inquietos, enrubreciam com aquela cortesia toda. Maneco era o cortês das fanfarras.
Algumas diziam que era santo. Santo do pau oco, isso sim. Tudo bem, era boa praça, chegou a ser querido por toda cidade e a gentileza com as moças recém-casadas, mesmo acompanhadas, causava admiração até nos maridos. Só que esta simpatia não durou muito não. Foi-se embora de Novo Santo Antônio depois que apareceram os casos de homem que bate em mulher. Se eu fosse casado, o primeiro a desconfiar seria dele.
Mas mulher é um bicho estranho. Os casamentos não diminuíram depois que os boatos de traição se espalharam pelos botequins. As mocinhas casavam sob o juramento de ter escolhido o príncipe encantado. Aí bastavam uns dias após a lua-de-mel para os murmurinhos. Maneco tornou-se o nome mais falado da cidade. Uma vez um coronel conhecido na região queria enfiar umas balas nele. Nem sei como saiu vivo. E numa outra, os maridos da cidade se reuniram e marcaram dia e hora para dar uma surra no Maneco. Os boatos se espalharam rápido, e ele sumiu por um tempo, que todo mundo esqueceu.
Passaram-se os anos e algumas coisas mudaram. O Maneco continua pela região, mas o número de casamentos sossegou, e os casos de mulher que trai homem quase sumiram. Não espalha, mas agora ocorre mais é o contrário. Tudo por causa de uma idéia do prefeito em distribuir remédio que faz os homens se sentirem mais jovens. Deram até o nome de “Pinto Alegre”. Agora, veja só, homem de noventa anos de idade, casado há não sei quanto tempo, de amasso com meretriz. Que o remédio faz efeito, ninguém duvida. O curioso é que muita esposa de Novo Santo Antônio sabe das escapadas do marido e, em vez de pagar na mesma moeda, como em outras épocas, reclama com o prefeito, bate o pé e diz que remédio só entra em casa se for com sua autorização. Já houve casal que brigou na porta da prefeitura para saber quem iria levar o remédio pra casa. A polêmica é tanta que saiu até em jornal.
E o Maneco? Não, ele não saiu em jornal, nem dizem mais seu nome por aí como antes. Anda triste, bebendo sua pinga matinal, pensando na vida. Nem quer ouvir falar de remédio milagroso, muito menos em “Pinto Alegre”. Quando tocam no assunto, sabe que é provocação. Desconversa. Acho que pensa no passado, quando não havia “Pinto Alegre”, e quem reinava no galinheiro era um único galo, que além de cuidar das galinhas, não deixava os pintos escaparem.
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