Pirilampo, andarilho,
Mulambo sem abrigo,
Violeiro de trovas repetidas,
Cancioneiro de ladaínhas
Cheias de melancolia,
Porém salpicadas de melodias.
Mas quando festivas serpentinas,
Assim, repentinas,
Surgem furtivas e tornam trovas poesia,
Enegreço minha vista,
Entorpeço as narinas,
E dispo a alma vestida
Do espartilho escarnecido,
Da camisa dos enlouquecidos,
Das muralhas amarradas a tantas outras vestidas,
E das ladaínhas antes tingidas
De verniz da melancolia que me inspira,
Assopro como Deus o barro sagrado.
De pirilampo prostrado,
Viro boêmio na avenida
Em plena quarta de cinzas,
Com fantasia própria,
Sem esperar o fim da felicidade
Nem o início da noite sóbria.
Como andarilho, sigo.
E em cada passo,
Encontro o inesperado.
Será acaso, coincidência,
Na próxima esquina,
Deparar-me, assim,
Com tua presença?
Porque é dela onde brotam fungos, transforma-se húmus, sucumbem túmulos, surgem larvas que se multiplicam e irradiam cheiro, cor e o ciclo da vida faz-se em flor.
quarta-feira, 17 de abril de 2013
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