"Eu pensei que a lua não brilhasse,
sob os mortos no campo da guerrilha,
sobre a relva que encobre a armadilha
ou sobre o esconderijo da quadrilha,
mas brilha.
Pensei também que o pássaro não cantasse,
se o lavrador não colhe o que planta,
se uma família vai dormir sem janta,
com um sorriso preso na garganta,
mas canta.
Imaginei que a água não lavasse,
o chicote que em sangue se deprava,
quando de forma mostruosa e brava,
abre trilhas de dor na pele escrava,
mas lava.
Duvidei que simples borboleta,
por ser um vivo exemplo de esperança,
dançaria contente leve e mansa,
sobre o túmulo em flor de uma criança,
mas dança.
Também pensei que não faria mais poema algum,
Após tanto embaraço, tanta decepção,
Tanto cansaço,
Tanta espera em vão por teu abraço,
mas faço."
(Antônio Fernandes)
Porque é dela onde brotam fungos, transforma-se húmus, sucumbem túmulos, surgem larvas que se multiplicam e irradiam cheiro, cor e o ciclo da vida faz-se em flor.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Duas duras realidades
Dura realidade I "Quando a lenda se transforma num fato, publica-se a lenda", disse o jornalista sensacionalista do clássico f...
-
Cuspo um texto de meu escarródromo mental. Uma crônica ficcional, nada muito normal aos olhos da multidão passageira, ao comportamento compo...
-
"Eu pensei que a lua não brilhasse, sob os mortos no campo da guerrilha, sobre a relva que encobre a armadilha ou sobre o esconderijo d...
-
Na beira do rio, dorme o seixo de pedra. Pego-o, olho e penso: sou temporal e passageiro, E ele, tão velho quanto o mundo inteiro. Sinto sua...
2 comentários:
eu nao faco mais leio.. e gostei do que li.
Depois de tanto ainda leio e procuro...
Por vezes não encontro...
Outras sim. Como esta.
Com a sua permissão vou transcrever este poema para o meu blog. Caso não queira, informe-me e eu retiro imediatamente. Obrigado.
Postar um comentário