sexta-feira, 12 de março de 2010

Adriano, imprensa e preconceito

Todos sabem a origem de Adriano. Se não fosse pelo futebol, talvez se enquadaria na lógica do "preto, pobre e favelado". Mulato, milionário e recebido em qualquer lugar do mundo, Adriano assumiu a todos o gosto pela favela. Em Roma não havia churrasco regado na lage e todo clima noturno da favela carioca, um refúgio para o atacante. Adriano também não consegue esconder as turbulências pessoais, que a imprensa fareja como um rato acha o queijo.

Flamenguista e favelado. Tais características transformaram-se, na cabeça das pessoas, sinônimo de mau elemento. No caso de Adriano, que tem origem em um dos locais onde o tráfico de drogas mais se instaurou no Rio de Janeiro, associá-lo ao consumo de entorpecentes não é tarefa difícil.

Ainda não compreenderam, por descaso ou ignorância, a origem de Adriano.

"Nunca usei drogas, nunca provei nada. Quando falam do Adriano aumentam demais. De repente é porque moro na favela e aí associam. Mas lá tem coisas boas, pessoas boas, não vou sair de lá . Sempre fiz os exames e nunca fui acusado. Aí fico chateado porque as pessoas botam isso no jornal e tenho minha família. Ela se preocupa. Não tem nada ver. Meu filho vai à escola e vão dizer: 'seu pai é drogado'. Antes de falarem, têm de saber o que aconteceu."

A chamada para a reportagem onde se encontra este depoimento dizia que Adriano acusou preconceito, mas não dizia qual nem de quem.

Deve ter sido da terceira pessoa. Sabe a terceira pessoa? Aquela onde o sigilo da fonte do jornalista mais aparece.

- Adriano, dizem que você anda usando drogas. Isso é verdade?

O preconceito da imprensa foi preconceito social.

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