"Eu vou contar pra vocês
A minha história muderna
Que fizemos no passado
Aqui mesmo na taberna.
Me aparece um engenheiro
Dizendo: — Esse seu puteiro
Está nos tempos da caverna!
Precisa modernizar,
Fazer um circuito fechado,
Passar uns filmes pornôs
Com vídeo game importado,
E ter um computador
Pra ser administrador.
Tô vendendo barato! -
Achei aquilo esquisito,
Conversa de vendedor,
Pois inté que eu ia bem
No comercio do amor.
Mas o sujeito insistente,
Termina enrolando a gente,
E comprei um computador.
Então veio o cabloco
Instalar o danado.
Eu então chamei Cidinha
Pra aprender seu bordado.
O moço tinha ciência,
E explicou com paciência
Cada botão do teclado.
Explicou o que era mouse,
Falou do que sabe,
No break, modem, planilha,
Software e backup,
Programa, aplicativo,
Reset, drive, arquivo,
Winchester, delete e escape.
Explicou como se liga,
Como entra, como chama,
Depois perguntou a Cida:
— Qual seria seu programa?
— De noite afogo o ganso
E de dia descanso.
É dia e noite na cama! -
O cabra perdeu a linha,
E veio se queixar pra eu:
— Expliquei o dia inteiro
E a moça não entendeu,
Preciso de moça fina,
Que a gente mal ensina
E a danada não aprendeu!
— Mas meu senhor,
Depois de tanto estudar,
Não sabe que no puteiro
Existe outro pensar?
Aqui não tem moça fina,
E rege outra doutrina,
Essas daqui pode explicar!
E pra quê computador,
Se dele ninguém desfruta,
É que nem disse a Cida
Que daqui é a mais astuta.
Tem coisa que não entendo,
Do Diabo ao mesmo tempo
Com puta mas não computa! –
Pois se ligue, até que gosto
Dessa tal de mudernagem,
Mas sou contra o preconceito
Que condena a vadiagem.
Adoro mulher e cachaça,
E é claro que não tem graça
A vida sem sacanagem!"
Moizés Nobre, também com alcunha de Zé Brasil, é cordelista, artista e produtor cultural de São Luís/MA.
Porque é dela onde brotam fungos, transforma-se húmus, sucumbem túmulos, surgem larvas que se multiplicam e irradiam cheiro, cor e o ciclo da vida faz-se em flor.
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