"Que obra maravilhosa é o homem", disse por aí alguém orgulhoso com este bicho cognitivo chamado ser humano. Para o bem ou para o mal, tem mania de querer justificar seus complexos criando problemas. É sempre um ser com necessidades, que viram desejos, e por fim sonhos que se materializam em objetivos, muitas vezes bastante subjetivos.
Por exemplo, as ilhas artificais de Dubai, uma das cidades-modelo do capitalismo neoliberal. A cidade dos Emirados Árabes Unidos, uma ditadura de petrodólares muito bem quista pelo ocidente capitalista, estampa o busdoor da companhia de viagens da avenida Nossa Senhora de Copacabana, superengarrafada, rotulada de "cidade do futuro". De repente, um sheike trilhardário resolve fazer uma gigantesca enseada artifical, com extensão dez vezes maior que a própria Copacabana, e que, da vista aérea, de um helicóptero, ou até mesmo de um satélite, é possível ver suas iniciais, seu rosto feioso, enfim, algo semelhante. Recebe aplausos multinacionais pelo feito, apesar de alterar significamente a natureza das marés, que, após tamanha engenharia, provoca intensos assoreamentos. A solução é criar mais problemas: desvia-se a rota de correntes próximas para compensar a escassez provocada pela maré. E assim, sucessivamente, o ser humano acha que brinca ser deus, quando na verdade, cai num ciclo infernal, dispendioso financeiramente, trágico naturalmente, e que o único benefício - se é que pode se chamar de benefício - é alimentar o ego do tal sheike empreendedor. Que obra assombrosa é o homem!
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