quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Que obra assombrosa é o homem



"Que obra maravilhosa é o homem", disse por aí alguém orgulhoso com este bicho cognitivo chamado ser humano. Para o bem ou para o mal, tem mania de querer justificar seus complexos criando problemas. É sempre um ser com necessidades, que viram desejos, e por fim sonhos que se materializam em objetivos, muitas vezes bastante subjetivos.
Por exemplo, as ilhas artificais de Dubai, uma das cidades-modelo do capitalismo neoliberal. A cidade dos Emirados Árabes Unidos, uma ditadura de petrodólares muito bem quista pelo ocidente capitalista, estampa o busdoor da companhia de viagens da avenida Nossa Senhora de Copacabana, superengarrafada, rotulada de "cidade do futuro". De repente, um sheike trilhardário resolve fazer uma gigantesca enseada artifical, com extensão dez vezes maior que a própria Copacabana, e que, da vista aérea, de um helicóptero, ou até mesmo de um satélite, é possível ver suas iniciais, seu rosto feioso, enfim, algo semelhante. Recebe aplausos multinacionais pelo feito, apesar de alterar significamente a natureza das marés, que, após tamanha engenharia, provoca intensos assoreamentos. A solução é criar mais problemas: desvia-se a rota de correntes próximas para compensar a escassez provocada pela maré. E assim, sucessivamente, o ser humano acha que brinca ser deus, quando na verdade, cai num ciclo infernal, dispendioso financeiramente, trágico naturalmente, e que o único benefício - se é que pode se chamar de benefício - é alimentar o ego do tal sheike empreendedor. Que obra assombrosa é o homem!

domingo, 5 de janeiro de 2014

Celebre

Celebre.
Cê leva de quebra
Cê lava a cara e a alma,
Cê lança, cê dança,
Cê cansa e cê amansa.

Ser lebre.
Ter febre, ser fibra,
Ser faca, ser caça,
Ser membros, tronco, cabeça,
E cérebro.

Ser celebridade.
Caso sério.

O mundo o garoto muda

Em resposta aos provocadores
Aquele garoto que ia mudar o mundo
Decidiu mudar o mundo.
Subiu no mais alto palanque
A convite de prefeitos e governadores
E expôs passaportes para uma excursão
A Marte.

O primeiro passo virou um capítulo na história,
O segundo, fotografia.

Quando voltou, acabou por ficar longe demais
De tudo e de todos,
E se viu com a cabeça no mundo da Lua.

Mesmo assim, daqui da Terra,
Pixaram-lhe as unhas dos pés,
Vandalizaram-lhe os calcanhares,
Fritaram-lhe as batatas das pernas,
E cozinharam-lhe o caráter no calçadão
Sob um sol de cinquenta e dois graus.

Lá do firmamento, o garoto emudeceu.
Viu que o mundo muda sozinho,
E se viu sozinho
Em algum breu.

Duas duras realidades

Dura realidade I "Quando a lenda se transforma num fato, publica-se a lenda", disse o jornalista sensacionalista do clássico f...